(Emily)
22h:44min – Sexta feira
O fato de ter vindo tantas vezes ao apartamento do Victor, me faz ter familiaridade com a maioria das coisas à minha volta.
Conheço todos os cômodos, conheço onde fica cada utensílio doméstico, onde fica as medicações dos dois gatinhos de estimação que ele tem. Sei até onde o Victor guarda as cuecas dele.
E ele me conhece muito bem também e é tão bom!
Para o jantar, por exemplo, ele pediu comida japonesa para nós dois, tendo o cuidado de não pedir para mim nada que fosse cru, porque eu não gosto. E olha que tentei inúmeras vezes curtir, mas sem condições.
Apesar de falarmos de assuntos sérios, assuntos de trabalho, assuntos sobre a nossa vida e família, nós dois também usamos o nosso tempo para flertarmos durante o jantar.
Até brincamos de aviãozinho com a sobremesa, como se fôssemos duas criancinhas, sujando-nos vez ou outra e arrancando boas risadas um do outro.
Do sofá os gatinhos ficaram nos olhando com estranheza e assim que roubaram toda a nossa atenção, os dois sumiram da nossa vista ao se esconderem nos seus buracos estratégicos.
Depois de ajudá-lo com as coisas na cozinha, de receber um beijo aqui e outro lá, apenas para me instigar.
De o Victor saber criar a expectativa necessária para que, nos beijássemos e fôssemos tropeçando para o quarto. Ansiando pelo momento de matarmos a vontade que tínhamos um do outro, deixando várias peças de roupa pelo caminho...
Nos enlaçamos com uma facilidade absurda, porque já nos conhecíamos completamente.
Conhecíamos o corpo e os gostos um do outro durante o sexo bem demais! Sabíamos onde tocar, como tocar. Onde beijar...
Tínhamos o conhecimento de todos os pontos fracos. E, não posso negar que a intimidade que criei com o Victor é gostosa pra caramba. Não só entre quatro paredes, mas de modo geral.
Ficar com o Victor é delicioso e extremamente fácil. Gosto dele, gosto de beijá-lo, gosto dos carinhos, gosto ainda mais do sexo. Mas, eu não amo ele. E infelizmente, esse é o maior dos empecilhos pra mim.
Não seria uma via de mão dupla para o Victor. Não haveria reciprocidade na nossa possível futura relação e eu ficaria ressentida comigo mesma por não dar a ele a atenção e o amor que ele merece.
E eu ficaria péssima se em algum momento eu fizesse o Victor se ressentir de mim também, por não conseguir fazê-lo ter nem metade de mim, enquanto eu teria tudo dele. Não seria justo.
Eu não suportaria perdê-lo por tê-lo magoado e decepcionado. Por isso, eu sempre sou sincera, sempre esclareço as coisas e sempre, sem exceção, deixo claro que apesar do nosso envolvimento, a amizade dele é o que mais importa pra mim.
Avisando-o que se ele não estiver bem com a situação atual, juntos daríamos um passinho para trás.
— No que tanto você pensa, linda? — Victor sussurra ao me envolver mais em seu corpo nu.
— Em tudo, eu acho... — abro um sorrisinho fraco enquanto faço círculos preguiçosos pelo seu ombro.
— Muito desse tudo tem relação com o Anthony, né? — ergui meu olhar para os dele e mesmo com o sorriso compreensivo, o olhar de chateação foi o que mais predominou em seu rosto. Percebendo que eu havia notado, ele se inclinou, deixando um selinho sobre os meus lábios. — Está tudo bem, linda. Eu entendo. Entendo de verdade. E quero que fale comigo sobre isso, pode desabafar. Eu sei que precisa!
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A irmã errada
RomanceO que você faria se tudo que havia planejado para sua vida não acontecesse da forma que imaginou? Emily González sempre acreditou que fosse viver tudo que idealizou e com quem idealizou. Mas, a vida lhe pregou uma das piores peças e, o destino se op...