Capítulo 40: Intoxicação alimentar

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08h:23min – Sábado

Eu estava tão atrapalhada por conta da noticia que o Victor me deu, que eu acabei batendo a testa na porta do elevador antes dele abrir por completo.

E, pra ajudar, o meu celular que estava nas minhas mãos, porque eu tinha o intuito de ligar para a minha madrasta para explicar o acontecido, quase caiu no vão do elevador.

Meu coração parou por milissegundos, meu celular ficou por um triz de parar no poço. Travei a porta do elevador com o meu pé e me agachei para pegá-lo.

Avaliei-o minuciosamente para saber se ele havia sobrevivido. Sobreviveu, com alguns arranhões na película, mas dos maus o menor.

Adentrei o elevador, ficando encostada no cantinho do mesmo e entrei na minha agenda, buscando pelo número novo da Sueli.

Eu tenho a memória péssima para guardar números, ceps, nomes, datas de aniversário... As vezes preciso recorrer ao meu bloco de notas do celular e fazer diversos lembretes.

Por estar impaciente passei a bater freneticamente o meu pé no chão, mudando a cada cinco segundos o peso da minha perna para a outra.

— Aleluia, Deus... — sussurrei ao ouvir a voz bem humorada da minha madrasta do outro lado da linha.

— Até onde eu sei, eu continuo sendo apenas a Sueli. — ela debochou e eu juro que teria dado uma risadinha se não tivesse tão angustiada. — Por que está ligando, minha menina? — agora sua voz ficou levemente mais séria.

Eu não costumo ligar para ela. Só ligo quando algo preocupante acontece, quando preciso avisar que chegarei atrasada, quando há algum contratempo. Ah, também ligo quando rola algum b.o com a Mel e o Igão.

A última vez precisei acudir os dois por causa de um pt, eles quase entraram em coma alcoólico. Obviamente, que precisei avisar a Sueli, visto que, os dois estavam abraçando as pilastras do hospital e dizendo com convicção que a adotariam.

— O Victor me ligou, perguntando se eu poderia encontrá-lo no hospital. Os pais dele sofreram um acidente e ele está lá sozinho... expliquei rapidamente ao sair do elevador e dei uma corridinha até o meu carro.

— Virgem santíssima! — ela cochichou em choque e após dar uma pausa, provavelmente digerindo a informação, prosseguiu. — Precisava nem pedir, o Victor deve estar precisando de apoio e força nesse momento. Eu te cubro tranquilamente, não tenho muitos pacientes agendados, posso fazer seus pacientes numa boa. — ela informou e eu abri um sorriso em alivio.

— Obrigada, Sueli! De verdade mesmo. deixei meu celular no apoio próprio dele e dei partida no carro, cumprimentando o porteiro e saindo do condomínio.

— Como foi esse acidente? — ouvi a Sueli questionar com curiosidade.

— Não sei muito bem. O Victor só falou que eles foram atropelados por um motorista alcoolizado. — torci a boca e dei seta para poder pegar a outra via. A via em que eu poderia apertar o meu pé no acelerador.

— Sempre tem que ter um filho da puta, inacreditável. — minha madrasta murmurou, irritada.

E eu entendo completamente a sua raiva, porque anos atrás por conta de um motorista bêbado, o carro dela foi atingido por outro e, ela acabou perdendo o controle do mesmo, consequentemente, capotando o carro.

A Sueli ficou hospitalizada por 15 dias, teve uma fratura na bacia, outra no pé, trincou o áxis e o atlas, que ficam na região da cervical... É, ela viveu de novo.

— Quer saber, minha menina? Eu não vou mais tagarelar, não quero que você perca a atenção na via. Me mantenha informada de tudo, ok? — ela pediu e eu apenas respondi com um "uhun", finalizando a ligação.

A irmã erradaOnde histórias criam vida. Descubra agora