Capítulo 24: Flashbacks

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(Anthony)

Flashback (Lily com 4 anos e Tony com 6 anos)

Normalmente eu saio na rua do condomínio pra ir jogar bola com os meus amiguinhos, porque aqui é bem tranquilo.

Hoje não foi muito diferente, na realidade, estava tudo indo de acordo com todos os outros finais de semana.

Estava animado demais jogando futebol até que a bola foi chutada para longe do gol, no caso, eu era o goleiro. Sou um pouco desengonçado pra ficar como jogador normal e a chance de me machucar é gigante.

E bom, eu não sou muito fã de sangue, passo mal e eu não quero que isso role na frente dos meus amigos, eu seria zoado por anos.

Digo para os três que vou pegar a bola, que podiam ficar despreocupados e corro até a mesma.

A bola havia parado perto da calçada da minha casa, mas não foi ela que chamou minha atenção. O que teve minha total atenção, foi uma garotinha.

Eu conheço ela, já a vi pela janela do meu quarto, ela é a minha vizinha, ela aparenta ser mais nova do que eu.

Fico a encarando com atenção, vendo o seu vestidinho sujo de terra e desvio o olhar para a sua mão, ela está com um passarinho repousando sobre elas e o acaricia lentamente.

Ela é muito fofa.

Por um momento, me permito deixar a bola para lá e, eu caminho timidamente até onde ela está.

Agachando ao seu lado e ouvindo ela falar baixinho.

— Você vai sarar o dodói, vou cuidar de você. — ela sorriu para o pássaro que parecia ser um filhote ainda, não tinha muitas penas.

— O que aconteceu com ele? — pergunto baixinho e ela ergue seus olhinhos marejados pra mim, me fitando com tristeza.

— Acho que ele caiu da árvore. — com sua mãozinha ela aponta para a árvore em frente a casa dela. — Tá com a asinha quebrada, olha. — ela levanta o pássaro até o meu rosto e eu sinto minha vista escurecer ao ver a asinha machucada. — Você tá bem, menino? — ela questiona com um olharzinho curioso quando viu minha perna falhar e eu quase cair.

— Não gosto de sangue. — assumo em um sussurro e ela abre a boca em um pequeno "O".

— Desculpa, menino. Eu vou pra longe com o meu neném... — ela fez um beicinho ao pensar, olhou com carinho pro passarinho e antes que ela saísse, toquei no seu ombro devagar.

— Precisa ir não. Eu aguento, sou forte! — abri um sorrisinho confiante, fazendo um pequeno muque e ela enrugou a testa pra mim. — Já sabe o que vai fazer com ele? — olhei pro pássaro novamente.

— Queria levar o neném pra casa, mas a minha mamãe não deixa. Ela não gosta e eu só quero que ele fique bem. — ela sussurrou, chateada.

Olho pra ela, depois para o pássaro e fico pensativo.

E se eu...? Não custa, né? E eu posso fazer uma amiguinha, ela parece bem legal e se me lembro bem, meus pais conhecem os pais dela.

— Eu posso cuidar dele pra você e você pode visitar quando quiser, somos vizinhos. — sugeri em um cochicho, fazendo-a estreitar o olhinho pra mim, parecia desconfiada.

— E você consegue? — ela questiona baixinho.

— Posso pedir ajuda pros meus papais. Você pode confiar em mim, eu sou gente boa. — abri um sorrisinho e ela riu ao ver as minhas janelinhas na frente.

A irmã erradaOnde histórias criam vida. Descubra agora