Capítulo 22: Holofotes

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(Anthony)

23h:13min – Sábado

O Igão não precisou falar mais nada, eu realmente sabia exatamente o que eu tinha que fazer. Não dá para eu continuar em um relacionamento onde eu sei que não estou cem por cento pra pessoa.

Não dá pra entregar meu coração pra Mih, fazer juras de amor, se não é ela que está tomando conta de todo o meu coração. Meu coração nunca foi verdadeiramente dela. E não é justo comigo e muito menos com ela levar esse noivado e namoro adiante.

É como dizem: não dá pra cobrir o sol com uma peneira. Não posso me manter em uma relação onde não existe amor. Quero dizer, eu amo a Mikaela? Sim. Mas eu não sou apaixonado por ela.

Talvez eu nunca tenha sido apaixonado pela Mih, porém a ilusão de que eu pudesse esquecer a Lily, foi o que me fez continuar vivendo nessa realidade que até então, achei ser segura.

Só que eu apenas me enganei nesses últimos três anos.

E daí que o meu amor pode não ser correspondido? E dai se eu levar um fora da Lily? E dai se eu ouvir da boca dela que só me vê como um irmão?

Vale a pena tentar e arriscar, não vale?

Eu posso até estar cometendo um equívoco, mas ao que parece, a Emily fica mexida com algumas falas minhas, com algumas ações... Eu vi muito bem isso acontecer hoje.

Claro que eu não faria nada agora. Esperaria um tempinho pra tentar algo, se ela estiver disposta e se a Lily ainda estiver solteira, obviamente.

A primeira coisa que faço depois de ter me despedido dos três, é criar coragem para fazer uma ligação.

E, essa ligação vai ser uma das mais importantes da minha vida, que mudará o meu futuro daqui pra frente, porque me fará por um ponto final em algo que claramente não é pra mim, para finalmente correr atrás do que eu sempre quis pra mim.

Como da outra vez, eu conectei meu celular ao painel de rádio do carro e esperei impacientemente para que a Mikaela atendesse a ligação.

Eu estava tão inquieto e ansioso para isso, que além de estar batendo os pés contra os pedais do carro, eu também estava começando a cutucar as peles da minha unha.

Fiquei olhando nervosamente para o painel a cada toque que dava, assim que o sexto toque aconteceu, eu soltei todo o ar dos meus pulmões, completamente aliviado.

— Querido? — a voz da Mikaela parecia surpresa, como se não esperasse pela ligação.

— Ah. Oi, Mih! É... Será que teria como a gente se encontrar agora? Preciso muito falar com você. — falei apressadamente enquanto bagunçava sem parar o meu cabelo.

— Estou muito cansada. — notei a respiração dela meio ofegante e esquisita. — Não podemos fazer isso amanhã pela manhã? — ela pediu afobadamente.

— O que tenho para dizer é realmente importante, não dá pra esperar. — mordo o meu lábio inferior sem parar. — Eu posso passar na casa da sua mãe, se for mais fácil. — sugeri.

Ouvi um resmungo contido vir do outro lado da linha e uni a sobrancelhas, confuso.

— Eu não vim pra casa da mamãe, estou na Brina. Amanhã conversamos melhor, tá bom, querido? Preciso mesmo descansar. — Mih força um bocejo e desliga a ligação.

Encostei as costas contra o banco do carro e passei as mãos pelo meu rosto, completamente frustrado.

Mais que merda!

A irmã erradaOnde histórias criam vida. Descubra agora