Prólogo

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Moro em um orfanato muito mal administrado de Tóquio, nenhuma das garotas gostam de mim, isso por ser uma mestiça, meu pai é japonês, mas minha mãe era brasileira, tenho toda fisionomia asiática do meu pai, porém os cabelos são da parte da minha mãe.

Antes de parar aqui, era somente eu e minha mãe, mas ela morreu faz um ano. Ela amava fazer penteados nos meus cachos que iam até a cintura, por isso hoje com 7 anos cuido muito deles, não cheguei a conhecer meu pai biológico, mamãe não quis me dizer quem ele era.

...

Eu ouvia gritos e chingamentos em um lugar mais afastado do prédio do orfanato. Parecia que alguém estava apanhando para as mais velhas de novo, suspiro e caminho até elas, já estava farta delas maltratarem as novas órfãs apenas para amedrontar e colocar medo nelas. Pra mim já deu disso!

Chego empurrando a menina, que cai no chão, fazendo as demais rirem dela.

- Quem você pensa que é cabelo de esfregão? - diz ela irritada já se levantando do chão.

- Eu estou cansada de você ficar batendo em todas as novatas, qual o seu problema com as garotas daqui? Só porque ninguém quer te adotar não quer dizer que você tem direito de descontar nelas! - disse despejando toda minha raiva em cada palavra.

- Você vai se arrepender sua pirralha!!- diz vindo na minha direção e me puxando pelo cabelo- você ama esse seu cabelinho não é, pois vou te deixar careca!

Ela estica a mão para uma das garotas do grupinho dela, que lhe passa uma tesoura.

De onde diabos essa garota tirou essa tesoura?!

-Não, se você encostar no meu cabelo eu juro que vai se arrepender--ameaço a garota.

Nunca fui muito boa de brigar, até porque mamãe nunca me deixou, mas aprendi algumas coisas desde que cheguei nesse lugar.

- E você vai fazer o que esfregão? -- diz ela

Ela me joga no chão e monta em mim, agarra meu cabelo e começa a cortar várias mechas.

-NÃO, POR FAVOR. SAI DE CIMA DE MIM, O MEU CABELO NÃO!!- grito chorando, o meu cabelo era o que mamãe mais amava em mim, eu precisava cuidar dele.

Em um gesto de desespero estico o braço e alcanço uma pedra, batendo com força na cabeça da garota, que cai no chão com a cabeça sangrando quase desacordada, levanto com meu sangue fervendo de raiva, subo em cima dela e começo a dar socos e tapas no rosto e peito dela, nenhuma das outras garotas interfere, elas gostam de ver quem coloca medo em todo mundo apanhar de outro alguém meio metro menor que ela.

A garotinha que estava apanhando no começo segura meu braço e me puxa para que eu pare de bater. Até que escuto alguém gritar:

- A DIRETORA ESTÁ VINDO!!

Levanto rápido, pego o braço da garota, e corremos o mais rápido que conseguimos.

O que elas não sabiam é que havia um casal procurando uma filha, e eles haviam presenciado toda aquela confusão.

- Quem é aquela garotinha? de cabelos cacheados! --o senhor pergunta

-Aquela senhor Sato? Ela não vai servir para seu propósito, ela é feia e fraca-- diz a diretora

-Eu perguntei quem é! não se serve para meus propósitos. -- insiste o senhor

-Desculpe-me senhor Sato --diz a mulher envergonhada pela resposta--Aquela é Victoria Cesarini senhor!

-Que sobrenome é esse? seu pai não é aqui do Japão?

-Não é isso senhor, ela era filha de uma mãe solteira, que morreu em um acidente de carro há 1 ano, sua mãe era brasileira. -- explica a diretora

- Eu quero adotá-la, já escolhi a criança que preciso.

- Sim senhor.

...

Paramos quando chegamos na ala vazia do orfanato, um lugar sombrio, para falar a verdade era só um refeitório abandonado, mas as outras garotas diziam que era assombrada, eu nunca vi nada.

Respiramos fundo para recuperar o folego e nos sentamos em uma mesa velha e empoeirada do lugar. Ela me olha com os olhos assustados e tristes ao mesmo tempo.

-O que foi? Elas te machucaram? Você parece com estar com dor! –pergunto preocupada

-Estou bem, mas o seu cabelo –diz com voz de choro—é tão bonito e ela cortou muito, me desculpa?

-Eii está tudo bem, ele vai crescer de novo. –Sorrio docemente para ela.

- Por que você me ajudou?

-Nunca gostei daquela garota, ela briga com as outras órfãs mais velhas, e intimida quem acaba de chegar, alguém precisava fazer ela parar. --dou de ombros-- e você? porque não se defendeu? –pergunto.

-Eu não sei ser corajosa, meu pai me abandonou aqui depois que a mamãe morreu.

-Aqui você precisa ser corajosa, se não aquelas garotas não vão pegar leve com você. –Digo -- Me fala, qual é o seu nome?

- Eu sou a Hana, tenho 6 anos- diz ela um pouco mais animada

- Muito bem Hana, eu sou a Victória, ou Vick. Eu vou cuidar de você e te mostrar como ser corajosa! Você aceita?

-Quero sim --ela me dá um sorriso doce.

O sorriso dela me fez sentir mais segura, eu quero ajudar essa menininha mesmo não sabendo cuidar nem de mim mesma. Eu vou conseguir por ela.

-Então pequena Hana, a partir de hoje, vou ser sua Oneesan.

SASIN -Hate and obsessionOnde histórias criam vida. Descubra agora