GURUNGA 13 DE 18

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Viaporã, Alto do Cruzeiro, 02:25 PM

Janílson ouviu batidas no portão, ele já imaginava de quem se tratava.

— Tá aberto! Pód entrá! — Disse ele —

A suspeita dele se confirmou, eram Bio e Vandinho, Bio era um rapaz preto de baixa estatura e troncudo, Vandinho era moreno e com pouca definição muscular, sua característica mais chamativa era seu cabelo moicano extravagante. Ambos cumprimentaram Janílson e sentaram-se num sofá, Janílson estava apenas de caça jeans, seus enormes braços chamavam a atenção, qualquer pessoa que entendesse um pouco de anatomia humana e de musculação chegaria à conclusão de que boa parte daquele volume era artificial.

— Você tá só hoje? — Perguntou Bio? —

Janílson tremeu a cabeça respondeu.

— Tô, mãínha tá trabáian agora. — Respondeu ele —

Janílson mudou de posição no sofá onde estava deitado e trocou a música num DVD de arrocha genérico.

— E as nêga? Cêis tão pegân alguma ou tão na seca? — Perguntou Janílson —

— Eu tô na seca. — Disse Bio sem rodeios —

— Ah negão... o que foi, porra? — Questionou Janílson —

— Seilá véi... parece que eu tô meio sem sorte esses tempo. — Explicou Bio —

— Sei como é que é. — Disse Janílson —

— E você, Vandin? — Quis saber Janílson —

Vandinho deu um sorriso de canto de boca.

— Eu tô ficân mais uma menina aí, mas não posso falar quem é. — Respondeu Ele —

— Ué, e por que não pód falar quem é, porra? — Indagou Janílson —

— É que ela pediu, a mãe e o pai dela não quer que ela namora antes de terminar o colégio, por isso a gente tá escondendo a parada por enquanto. — Explicou Vandinho —

— Ah, entendi. — Disse Janílson —

Após mais um pouco de papo, Janílson começou a se preparar, ele vestiu uma camisa e calçou suas sandálias havaianas, desligou a tv e o aparelho de DVD.

— Vocês tão com tudo aí? — Perguntou Janílson —

— Tá tudo aqui comigo. — Disse Bio —

Os três rapazes seguiram caminhando até chegarem à BR-430 que cortava parte de Viaporã, eles andaram sentido a Riacho de Santana até os limites da área urbana e entraram numa área de mato do lado direito da estrada. Já em meio a vegetação e longe de qualquer olhar indesejável eles deram início ao procedimento. Bio retirou uma sacola preta do bolso da bermuda e entregou a Janílson, o especialista retirou um frasco marrom de ADE e uma seringa de 10 ml da sacola, com muita habilidade ele espetou a agulha da seringa na parte de borracha da tampa do frasco, puxou o embolo da seringa com cuidado até preenchê-la com o liquido oleoso, o rapaz fez o mesmo com as duas outras seringas e as entregou para que seus amigos as segurassem juntamente com o frasco e a sacola.

— Quem vai primeiro? — Perguntou Janílson —

— Pode ser eu mesmo. — Disse Bio ficando ao lado do especialista —

Bio puxou as mangas da própria camisa para deixar os braços livres, Janílson pediu para que Bio forçasse a musculatura do braço direito, com o dedo indicador, Janílson marcou o ponto da aplicação e disse para Bio relaxar os músculos do braço, quando a agulha penetrou, Bio fez uma careta um tanto exagerada. Quando todo o liquido havia sido injetado, Janílson repetiu o processo no braço esquerdo de Bio, por fim, Janílson colocou um pequeno pedaço de papel higiênico nos locais perfurados. Quando chegou a vez de Vandinho, o especialista teve um pouco de dificuldade para encontrar o ponto certo para fazer a aplicação devido à pouca definição muscular de Vandinho, mas com um certo esforço e paciência ele conseguiu fazer as aplicações de modo apropriado. Com o serviço completo, eles saíram do mato e tomaram o caminho de volta.

— Você já deve ter perdido a conta de quantas pessoa cê já aplicou ADE ali, né Janíls? — Perguntou Bio —

Janílson tremeu a cabeça novamente como se estivesse tendo um calafrio.

— Ah já, só ni Léo da Serraria eu já perdi as conta de quantas veiz eu já apliquei nele. — Respondeu Janílson —

— A maioria pede segredo ou não tá nem aí? — Quis saber Bio —

— Tem cara que pede, tem cara que não liga, esse Léo da Serrania mêrm é um que não importa se todo mundo sabê. — Explicou Janílson —

— Rapiz!... — Começou Janílson rindo —

— ...uma veiz eu passei um sufoco com Vandilson naquele mato, o cara disgramô com uma viadagem da porra querendo que eu comesse ele, eu mandei ele parar de palhaçada, teve uma hora que ele até tentou pega no meu pau... aí eu falei pra ele meio na resenha meio sério: "Rapaiz, é melhor você parar com isso se não eu vou ser obrigado a te dá um murro aqui." Foi aí que ele sussegô. — Contou Janílson —

Bio riu do relato, mas Vandinho permaneceu com expressão neutra.

— Eu sabia que Vandilson era viado, o jeito não nega! — Comentou Bio —

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