27. When we're bad blood now

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C h e r r i e

🍒

Após Fracncesca me parar na saída da festa e praticamente me puxar para seu carro para me levar até em casa e me deixar na varanda, abro a porta cautelosamente.

Não disse uma palavra, e ela também, não perguntou nada, mas imagino que deva ter sido um completo tédio para ela me ouvir fungando por vinte minutos enquanto tentava deixar as lágrimas em meu rosto cair o mais silênciosamente possível.

Deixo meu tênis do lado da porta de entrada e subo para meu quarto mas ponta dos pés. Quando acendo as luzes, Felicia não está em nenhum lugar, o que me faz presumir que essa noite ela preferiu ir dormir com Lauren. Não a culpo por isso, dada a tamanha bagunça que sou eu agora.

Sem acender a luz, abro o zíper do meu vestido e deixa a roupa deslumbrante cair em qualquer lugar do meu quarto. Em seguida, vou ao banheiro e não tenho coragem de me ver no espelho, pois sei que estarei terrivelmente feia e com muita maquiagem preta borrada embaixo dos olhos.

Caio no chuveiro em um banho super quente, mas não demoro muito, porque no mesmo momento que a água toca meus pés, sinto a dor nos meus dedos causada pelos pequenos cortes feitos pelas tachinhas no meu sapato.

Tenho medo do que o calor somado com meu estado atual possa fazer comigo. Fico ali apenas tempo o suficiente para sentir que estou limpa e livre do cheiro de festa. Depois que a água para de cair, busco um par de roupas íntimas no meu armário e visto junto com a primeira camisola que encontro.

Minha cama está quente, mas por mais incrível que pareça, a sensação que tenho é de que não me deito aqui há meses. Tento ao máximo fazer meu cérebro se acalmar e me deixar dormir rápido, mas é impraticável quando só há uma coisa em que consigo pensar, e essa coisa é Carter. Ou melhor, Nicholas Carter Newmman.
Três nomes amaldiçoados no momento.

Então, passo o tempo assim, até me perder nos meus próprios pensamentos e minhas próprias amarguras e não haver mais nada para remoer, porque cai num sono profundo, na exata mesma posição de quando me deitei.

*

Minha semana começa bem — (p.s.: há um grande tom de ironia nessa frase).

Já na segunda-feira, o maior temporal que já vi cai antes das sete da manhã, o que faz com que eu precise ter cuidado redobrado na hora de dirigir para aula, e como tirei minha carteira sem a ajuda de ninguém, devo dizer que minhas habilidades no volante não sai das mais extraordinárias — na verdade, muito pelo contrário.

Para melhorar, senti cólica a noite inteira, e quando acordo na terça-feira, sou presenteada com mais um resquício mensal da minha feminilidade e fertilidade: minha menstruação. Por um lado, isso é bom, porque significa que já estou me curando e voltando ao normal depois do procedimento de intervenção de você sabe o quê, mas ainda é menstruação, e nunca gostarei de menstruação. E isso se torna ainda mais terrível quando me lembro de que de tarde, tenho treino de vôlei, para onde, inclusive, estou indo nesse exato momento.

Cumprimento Marta e Stella assim que entro no vestiário, mas a primeira coisa que faço é ir para as cabines do banheiro, onde troco meu absorvente normal por um noturno, muito mais eficaz para a quantidade de movimentos que estou prestes a submeter meu corpo dolorido.

𝙍𝙚𝙙 𝙇𝙞𝙠𝙚 𝙔𝙤𝙪𝙧 𝙃𝙚𝙖𝙧𝙩Onde histórias criam vida. Descubra agora