44. When we go to New York

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C a r t e r

Carter...

    Carter...

Carter...

Sinto algo mexendo meu ombro, mas está tudo muito escuro para que eu consiga ver. Passo meu braço onde Cherrie deveria estar na cama ao sentir sua falta.

É quando percebo que ela está em pé ao meu lado, e é ela quem cutuca meu ombro.

"Carter, acorda" eu acordo imediatamente. Apoio meus cotovelos na cama ao elevar meu tronco.

"Cherrie?" minha voz rasga na minha garganta. "Por que está acordada?" pergunto.

"Nós não jantamos, eu pensei que pudesse estar com fome..." eu não estava com fome. "Eu fiz um sanduíche para você."

Eu a observo por alguns segundos prestes a debater mas desisto. Sento-me ereto na cama. Mesmo sem fome, eu não a faria ir embora com o sanduíche em mãos, ainda mais quando eu sei que esse sanduíche não é apenas um sanduíche pela forma que ela fala.

Conheço Cherrie bem o suficiente para captar que essa é sua forma de retribuir o que eu fiz por ela, mesmo que eu não queira nada em troca.

Eu puxo sua mão para sentar no meu colo e ela o faz. Pego o prato de sua mão e como de olhos fechados, porque ainda estou com muito sono.

    "Está bom?" ela pergunta.

    "É o melhor sanduíche do mundo todo" respondo com a boca cheia, e ela ri. "Quer um pouco?"

"Não estou com fome, obrigada" ela responde rapidamente com a voz mais suave que eu já ouvi.

Eu como o mais rápido que consigo, apoio o prato em sua mesa cabeceira e a puxo de volta para meu lado na cama. Coloco-a de costas para mim esticando meu braço para que ela deite sua cabeça sobre ele e minha mão desce para sua barriga, entrelaçando minha mão na sua.

Ela adormece rapidamente, e eu teria feito o mesmo caso não tivesse ouvido sua barriga roncar. Não roncou muito alto, mas eu pude sentir o tremor sob sua pele.

Por que ela teria mentido para mim dizendo que não estava com fome?

Eu tenho medo de pensar no que todos essas situações estranhas significam. E não há muito que eu possa fazer agora para impedir o que eu acho que está acontecendo. E eu acho que Cherrie tem anorexia. Ou ao menos, está desenvolvendo.

"Você é perfeita" eu sussurro em seu ouvido. É o mínimo que posso fazer. Eu acho que ela não ouviu, até sua mão apertar a minha mais forte e seus ombros se mexerem da mesma forma que ela mexe quando gosta de algo.

Não quero imaginar algo tão horrível acontecendo com ela. Eu esmurraria qualquer um que fizesse algum mal a ela, mas se ela estiver fazendo algum mal consigo mesma, como eu conseguirei parar?

*

Cherrie James tem um cabelo dourado liso e franjas perfeitamente cortadas em seu rosto. Se olhar muito atentamente para suas bochechas, conseguirá perceber pequenas sardas em suas maçãs do rosto.

𝙍𝙚𝙙 𝙇𝙞𝙠𝙚 𝙔𝙤𝙪𝙧 𝙃𝙚𝙖𝙧𝙩Onde histórias criam vida. Descubra agora