29. Carter's Pov - I

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C a r t e r

"Essa é a última vez que você faz isso comigo, Carter, e é melhor você começar a preparar o melhor dos pedidos de desculpas, idiota."

São suas últimas palavras que ecoam na minha cabeça, ao mesmo tempo em que eu estou congelado, estático, vendo-a ir embora, desaparecendo com um mini vestido no meio da noite fria, e me sinto ainda mais idiota por deixá-la ir, mas algo me diz que ela precisa do seu espaço, ou eu mesmo vou piorar tudo. Não há nada que eu diga que a faça me ouvir, e não a culpo. É de se aplaudir como ela sempre sabe bem como eu me sinto. Um completo idiota.

Nada é capaz de melhorar meu humor ou iluminar na minha cabeça uma boa justificativa do porquê isso aconteceu para explicar aos meus amigos. E nem sei se quero.

A noite acabou. Ela acabou no momento em que Cherrie me olhou naquele segundo depois de beijá-la, e pela primeira vez, o que li em seu rosto era angústia, mas eu era a causa dela.

Estou indo em direção ao meu carro, furioso comigo mesmo quando sou interrompido por Fran no meio do jardim. Ela vem correndo e percebo que ela sabe que algo deu muito errado, mas uma ideia me vem a mente, antes que eu tenha tempo de contar a ela.

"Carter, o que aconteceu?!" um pedaço do meu peito se aquece quando a ouço me chamar por esse nome. Francesca sempre foi uma das que mais se esforçou para me chamar pelo meu segundo nome depois que os boatos sobre minha família biológica amaldiçoaram meu primeiro. Mas isso não é sobre mim.

"Você está com seu carro ai?" pergunto rapidamente.

"E-estou, por quê?"

"Acabei de foder as coisas com a Cherrie, ela foi embora sozinha, você pode dar uma carona pra ela até em casa? Por favor..."

Ela olha por cima do meu ombro, tentando achar a loira na estrada atrás de mim.

"Posso, mas você vai ficar me devendo uma, e quero saber da história inteira depois." Francesca corre para seu carro e eu para o meu, ainda desacreditado do que acabei de fazer. Esse não era o rumo que a noite deveria ter tomado. Devia tê-la beijado no banheiro e dito que esse acordo de amizade já virou uma perda de tempo para mim, mas não pude ignorar todas aquelas memórias como flashbacks na minha cabeça, porque ainda tem uma parte no meu subconsciente que não me deixa seguir em frente. E agora estou sozinho em meu carro, encarando no banco ao meu lado as flores que deveriam estar com ela agora.

Como pude deixar isso acontecer?

Dirijo até em casa no modo automático, muito mais rápido do que o normal, e até eu chegar em lá, tomar banho, e descer de volta para a cozinha para tomar água, nenhum dos meus pensamentos pertencem a mim. Todos eles pertencem a ela.

"Não é minha culpa todas as porradas e boladas na cara e cortes no nariz que a vida me dá."

Ela não sabe o que eu faria, o que eu cometeria, para que nunca mais a machucassem, nunca mais chegassem perto de encostar um dedo nela, mas do que adianta isso, se era eu o motivo de ela ter fugido chorando?

"O que está fazendo?"

Sou pego na maior das surpresas pela voz nem um pouco silenciosa de Bea, no meio do escuro da cozinha. Levo a mão ao peito, e com isso quase deixo o copo de vidro cair na pia.

"Meu deus, Beatrice!" tento recuperar-me do susto.

"O que está fazendo?" ela pergunta mais uma vez, como se eu não tivesse ouvido da primeira.

𝙍𝙚𝙙 𝙇𝙞𝙠𝙚 𝙔𝙤𝙪𝙧 𝙃𝙚𝙖𝙧𝙩Onde histórias criam vida. Descubra agora