14. When we run away together

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C h e r r i e

🍒

Já disse que estou bem, Lauren. — sigo o caminho pelo corredor de minha casa, com a mais velha me seguindo, preocupada.

— Como assim bem? Olhe seu estado! O que aconteceu com seu nariz?! E de quem é essa jaqueta?! — ela continua, histérica, e no fundo me sinto mal de deixa-lá nesse estado.

— Não foi nada demais, eu juro! — viro-me para ela, posicionando minha mão livre em seu ombro, já que a outra segura um pedaço de gaze contra meu nariz escorrendo. — Um amigo estava me dando carona porque esqueci minhas chaves no armário do colégio quando um motorista bebâdo apareceu de repente e quase nos fez bater, mas não aconteceu nada, foi apenas um susto. Eu bati com o rosto no painel do carro, mas foi só isso.

— Mas e essa jaqueta? — ela respira pesado.

— Meu amigo me emprestou, ele usou minha blusa para estancar o sangue e depois parou numa farmácia para fazer um curativo.

Abro um sorrisinho curvo, sem mostrar os dentes.

— Tem certeza que foi só isso? — ela segura minha mão.

Acinto.

— Tenho.

Ela passa a mão pela testa, se acalmando e logo afasta minha mão do meu rosto para checar o ferimento.

— Deixe-me ver isso. — ela olha para mim com a cabeça levemente levantada. — Vamos ao hospital.

— Lauren, eu estou bem! Não precisa fazer tanto drama.

— Há um corte no seu nariz, Cherrie.

— Que logo vai cicatrizar, não quebrei nenhum osso, eu sentiria se tivesse.

— Mas querida, a sua mãe...

— A minha mãe não precisa ficar sabendo, — fecho os olhos rápidamente. — eu só quero descansar agora, por favor, meu dia foi muito cansativo.

Ela não responde, apenas aceita e me deixa fazer o que eu quiser.

Pego meus tênis jogados no chão e subo as escadas para o segundo andar, mas logo a jogo de volta quanto sinto o tapete macio no meio do meu quarto.

A primeira coisa que faço é ir até meu banheiro me checar no espelho. Estou exatamente da forma que pensei, não sei se pior.

É quase impossível notar que há um resquício de franja no meu cabelo. Não estou suja de sangue, mas o espaço entre meus lábios e a base do meu nariz está arroxeado, demostrando que precionei o local por muito tempo, sem contar no corte fino e horizontal um pouco abaixo da altura dos meus olhos, que aliás, estão cansados.

Lavo minhas mãos, depois meu rosto. Tiro minhas roupas e as jogos no chão, menos a jaqueta de Carter. Essa eu posiciono atrás da porta para me lembrar de lavar e devolver para ele depois.

Entro debaixo d'água e é como se ela tentasse me alarmar do quanto estou dolorida mas não percebi; no fundo sei que essa dor não é apenas por causa de algum impacto, mas também por causa da forma em que estive contraindo meus músculos inconscientemente.

𝙍𝙚𝙙 𝙇𝙞𝙠𝙚 𝙔𝙤𝙪𝙧 𝙃𝙚𝙖𝙧𝙩Onde histórias criam vida. Descubra agora