Palavras não ditas

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- Sophie! Sophie, meu amor! Acorda! - deu um tapa de leve no meu rosto.

- O que... - hesitei - aconteceu?

- Acho que você desmaiou. - o rosto preocupado de Will, estava embaçado para mim.

- Por quanto tempo? Ai que dor. - coloquei a mão na cabeça e comecei a lembrar das palavras daquela mensagem.

- Não sei, fiquei preocupado, não se mexe muito, fica quietinha um pouco. - ajeitou alguns travesseiros atrás de mim. - Você quer um chá? Um remédio? Ir ao médico?

- Obrigada Will, estou bem, deve ser stresse, fui expulsa de casa num dia e demitida no outro, é complicado. - minha voz saiu fraca.

- Você não me contou sobre isso. - franzio a testa.

- Se você pensasse menos em sexo, teria dado tempo de te contar. - arfei.

- Desculpa se eu te acho atraente e quero satisfazer meus desejos com você. - ironizou.

- Só comigo?

- Que pergunta boba é essa agora?

Pensei em falar da mensagem, mas saberia que ele não reagiria muito bem ao saber dessa invasão, se bem que era uma mensagem suspeita até demais, mas eu não era esse tipo de mulher que pega o celular do namorado, pelo menos antes não.

- Hm. Nada, nada. - dei de ombros.

- Boba. - me puxou pra perto e beijou minha testa.

Dias depois.

- Você trabalhou quanto tempo com a Samanta? - perguntou enquanto corria os olhos pelo meu currículo.

- Trabalhei por 3 anos, senhora.

- E qual foi a razão de ter sido demitida? - ajeitou o óculos no rosto.

- Bom. - engoli em seco - os motivos são mais pessoais do que profissionais na verdade. - cerrei os punhos no meu colo.

- Entendo. Você tem um bom currículo, é inteligente e estudou em Harvard, o que conta conta bastante, podemos fazer um teste - hesitou olhando a agenda - amanhã está disponível?

- Claro, que horas?

- Às 8h e saiba que não tolero atrasos. Nos vemos amanhã. - levantou estendendo a mão.

- Muito obrigada pela oportunidade. - apertei sua mão e me despedi.

Andando pela calçada, minha animação era inconfundível, pensei primeiramente em ligar para Lara, mas ela havia tirado uma folga e viajado para ver a família no interior, não pegava celular. Virei-me por um instante para pegar a chave no carro na bolsa e de repente senti um forte impacto que me fez estatelar no chão.

- Você não olha por onde anda garota! - gritou aquela voz masculina.

- Pelo visto quem não olha é você! - gritei enquanto ajeitava as coisas na minha bolsa.

- Quer ajuda pra levantar dai? Se depender de você, vai ficar o dia todo aí no chão.

- Não preciso de ajuda! Levanto sozinha! - mostrei a minha independência ao homem de sapatos pretos, ainda nao havia visto seu rosto, porém quando tentei levantar, ouvi o barulho de pano rasgando. - Essa não!

- Opa, parece que a menina que nao precisa de ajuda vai fazer topless no meio da calçada! - gargalhou.

- Cala a boca imbecil! - o encarei pela primeira vez, ele era alto, esguio, atlético, tinha olhos de um azul tão limpo e cabelos claros, era um homem incrivelmente atraente, pena que era um babaca.

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