Olhei para os lados e só via branco, branco para todos os lados, não sabia onde estava e nem o que fazia naquele lugar, tudo era confuso demais. De repente vários medicos começaram a se agitar a meu redor, fiquei assustada, não consegui pronunciar uma palavra, até que lembrei de um sonho estranho.
- O sonho... Steven. - uma lágrima rolou lentamente pelo meu rosto.
- Você consegue se lembrar de algo? - perguntou um médico alto que para mim parecia um borrão apenas.
Acenei que não com a cabeça.
- Okay. - anotou algo em uma prancheta - Deve ser por causa da pancada.
- Pancada?
- Você não se lembra do acidente?
- Acidente? - em minha memória veio apenas um flash - não lembro de detalhes e nem de como aconteceu, perdi a memória doutor?
- Na verdade precisamos fazer alguns exames, mas vai ficar tudo bem, você é uma vencedora! - sorrindo se retirou e apenas alguns médicos ficaram.
Minutos depois, em meu quarto minha mãe entrou com o rosto cheio de lagrimas, agora eu podia saber que fazia muito tempo que não a via, meu coração apertou quando a vi, meus olhos se encheram de lágrimas e ela veio em minha direção.
- Filha, você está viva! - disse em meio a prantos e me deu o abraço mais apertado que jamais ganhara em minha vida.
Aquele abraço segurou meu mundo por uns minutos e fez com que me sentisse viva, depois de tanto tempo.
- Obrigada filha. - olhou fundo em meus olhos segurando meu rosto - Não sei o teria sido de mim se você...
- Mãe, eu estou aqui e prometo nao ir embora, não chora mais, por favor. - a abracei mais forte.
- Mãe, preciso saber de mais uma coisa, onde está Will?
Ela me olhou confusa por um tempo.
- Ele foi para NY logo que você se acidentou, não ficou sabendo do acidente, Lara não nos deixou contar.
- Liga para eles. - pedi - Por favor mãe.
- Tudo bem. Volto logo filha.
Fiquei sozinha por um curto tempo, percebi algumas flores na cabeceira, havia uma carta ao lado delas, pensei em abri-la, mas minha mãe entrou no quarto.
- Falei com Lara, não pude entender nada do que ela dizia, mas acho que ela está vindo para cá. - comunicou sorridente.
- Não sei porque, mas isso é tão a cara dela - gargalhei. - E Will?
- Will realmente não havia ficado sabendo do acidente, disse que pode vir, mas não é de certeza. - seu sorriso se desfez.
- Tudo bem, é a conferencia, não é?
Mamãe acenou em afirmação e sentou ao meu lado, ficamos abraçadas por um tempo até que de repente ouço um grito estridente e vejo Lara na porta.
- Você está acordada Sophie! - gritou e veio correndo me dar um abraço.
- Vá com calma, nãs fazem muitas horas que ela acordou. - mamãe alertou.
- Senti tanto a sua falta, mas tanto Sophie. - ela sorria e chorava ao mesmo tempo.
- Lara, meu amor , tão bom te ver.
- Vou deixá-las a sós. - minha mãe se retirou.
- Vai, me conta, conheceu Deus?
- Não morri Lara. - gargalhei.
- Mas quando se entra em coma, é como se morressemos, não é?
- Eu mal lembro da minha vida antes do acidente, quanto mais de experiências de quase morte. - gargalhei baixo.
- Sophie, você não lembra de ter ido ao apartamento do Will antes do acidente?
- Não - pensei um pouco - não mesmo.
- Então temos um grande problema aqui. - Lara cerrou os dentes.
- O que aconteceu?
- Vou deixar que ele te conte, no caminho liguei para ele e deve chegar em San Francisco amanhã.
- Não tenho com o que me preocupar, não deve ser nada sério, né? - respirei fundo.
- Não - hesitou - não deve se preocupar. Fica tranquila que também vou passar a noite com você, sua mãe precisa descansar.
Durante a noite conversamos e relembramos as histórias que consegui lembrar, rimos até pegar no sono, o que era de costume quando estávamos juntas.
O dia amanheceu e o sol batia em meu rosto, Lara não estava em meu quarto, tentei levantar-me para ir até a janela observar as flores da primavera, mas quando tentei ficar em pé, minhas pernas perderam as forças, me apoiei na cama e respirei fundo, quando eu estava tentando ficar em pé novamente, Will entrou no quarto e quando perdi o equilíbrio novamente, ele me segurou.
- Cuidado moça, quase que você cai. - sorriu enquanto me colocava de volta na cama.
- Will, que surpresa. - correspondi o sorriso.
- Trouxe flores, violetas.
- Ah, obrigada. - minhas preferidas eram lírios, mas ele estava tentando ser gentil.
- Sabe Sophie, pensei que você não fosse mais querer me ver.
- E por que eu não iria querer? - perguntei confusa.
- Bom... - hesitou - você não se lembra de nada?
- Segunda pessoa que me diz isso, Lara falou que fui ao seu apartamento antes do acidente, o que aconteceu?
- Você não se lembra mesmo - sua expressão parecia de espanto - meu amor, nós tivemos uma discussão boba por conta da minha viagem, como eu disse a Lara, quando você chegou, Amanda estava lá comigo, estávamos acertando os últimos detalhes da viagem, mas você ficou maluca, do nada, até agora não entendi o que aconteceu.
- Do nada? Vocês não fizeram nada de errado, né?
- Claro que não meu amor, eu te amo, jamais faria algo para te magoar. - me deu um selinho demorado - Eu estava com saudades de você.
- De certa forma, posso dizer que também senti sua falta, apesar de não lembrar de nada, nem de ter visto o tempo passar. - segurei a mão de Will.
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Steven
Na manhã que sucedeu o porre que tomei, acordei no sofá e com muita dor de cabeça, fui até a cozinha e lá estava Nina fazendo o café da manhã.
- Enfim acordado!
- Bom dia pra você também, pode não gritar? - respondi. - Não precisava fazer o café. - permaneci em silencio por um tempo - E como foi ontem depois que eu sai, nenhuma ligação, nada?
- Foi normal, ninguém ligou também.
Tomei o café num gole só e fui tomar um banho e colocar uma roupa apresentável, pensei em Sophie e decidi que iria visitá-la, não respondi a Nina onde iria. No caminho comprei flores, as de sempre, lírios.
Cheguei no hospital e havia uma movimentação estranha, fui direto ao quarto de Sophie, onde vi algo que me deixou feliz ao ponto de chorar, ela estava acordada, e algo que me deixou triste ao ponto de chorar também, ela segurava a mão de um homem. Minhas mãos gelaram e delas as flores caíram, minha garganta secou e senti lagrimas se formarem em meus olhos.
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Uma razão para viver
Romance"Eu o amava, não só por conhecer meus demônios. O amava pelo simples fato de amar cada parte de mim, mesmo quando eu menos merecia."