Soraya chegou na delegacia ainda atordoada com todos os acontecimentos do hospital, porém muito decidida a fazer o que fosse preciso para que Fernanda ficasse ali por um longo tempo.
Ela prestou depoimento, detalhando cada acontecimento e incluindo também o tiro que havia tomado.Não citou o relacionamento de Simone com a garota, apenas a insistência de Fernanda em tentar ferir qualquer um que se aproximasse da advogada.
O delegado indiciou Fernanda por dupla tentativa de homicídio, a deixando presa até o julgamento.
Ele também disse a Soraya que assim que fosse marcado, ela teria que depor contra a mulher.Após sair da delegacia, ela quis muito ir até o hospital para saber como Simone estava, contudo se conteve, e voltou para sua casa.
Apesar da preocupação, o cansaço também começou a bater, e toda aquela adrenalina em que estava no momento que quebrou o braço de Fernanda, estava se esvaindo.
Soraya até sorriu lembrando da morena caída no chão a xingando enquanto gritava de dor.
Se sentia satisfeita por ter vingado pelo menos parte do mal que ela já havia causado a Simone.No dia seguinte ela acordou cedo, juntando seu material na mesma bolsa em que nunca conseguia colocar todos os livros, e lembrando de Simone se oferecendo para carregar suas coisas.
- Ela é sua professora, Soraya. Controle-se! - Disse para si mesma.
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Ao chegar na universidade, deu de cara com a nova professora de direito público e administrativo, Eduarda.
Eduarda era alta, pouco mais de um e setenta. Cabelos escuros até os ombros e corpo escultural. Deveria ser mais velha que Simone. Usava óculos e aparentava ser bastante simpática, sempre muito sorridente.
Soraya chegou atrasada. Sentou em sua carteira com cara de quem não queria estar ali, e nem mesmo olhou para a professora.
- Bom dia, querida! - Eduarda disse sorridente.
- Oi. - Soraya falou pegando seu material e jogando em cima da mesa.
- Bom, hoje vamos falar sobre direito constitucional. - Eduarda olhou para a turma.
- A Simone já falou disso. - Soraya revirou os olhos enquanto folheava um livro.
- Então vamos falar novamente, só que do meu jeito. - A professora disse séria.
- Que deve ser muito interessante, eu imagino... - Disse de forma sarcástica.
- A senhorita quer trocar de lugar? Eu posso sentar aí enquanto você leciona. - Eduarda já estava irritada com a forma como Soraya se dirigia a ela.
- E explicar o quê? Princípios da Monarquia? Que somos um país republicano? Porque o nome do nosso digníssimo país é República Federativa do Brasil? Sobre os títulos da carta maior brasileira? Ou prefere que fale sobre a importância do direito constitucional para organização da sociedade e estado? - Soraya a encarou como se a professora fosse inferior a ela.
- Saia da minha sala. - Ela apontou para a porta.
- Sua sala? Sua? Pensei que fosse somente uma substituta... - A loira sorriu enquanto brincava com a caneta.
- Enquanto eu permanecer aqui, essa sala é minha, e eu estou mandando a senhorita se retirar. - Eduarda se aproximou de Soraya apoiando as mãos na mesa dela e a encarando.
- "Mandando" - Soraya gargalhou na cara da professora.
Eduarda saiu da sala, deixando os alunos sozinhos por alguns instantes.
- Soraya, você tá maluca? Vai ser expulsa! - Silvia falou para ela.
- Eu expulsa, Silvia? O diretor não vai perder a melhor aluna desse lugarzinho. - Soraya a ignorou.
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Forbidden Classes
RomanceSimone Tebet é uma professora de vinte e sete anos que esconde um segredo do qual uma vez revelado, poderá dar fim em todos os seus maiores sonhos. Com os problemas que teve com uma ex aluna da antiga universidade na qual dava aulas, ela resolveu mu...