A dona

2.3K 230 365
                                    

Eduardo já saiu do carro com um olhar analítico misturado ao sorriso que entregava seu ódio por aquela confraternização.

- O que está fazendo aqui? - Simone perguntou seca.

- Perante Deus ainda somos casados. - Respondeu o homem de forma debochada.

- Felizmente isso não funciona na prática. - Soraya foi até Simone e entrelaçou seu braço ao dela.

- Imaginei que você tivesse pensado melhor sobre seus atos imundos, Simone. Mas não consigo encontrar nenhum vestígio de arrependimento no seu olhar. - Ele a olhou no fundo dos olhos.

- É porque não tem. Eu não me arrependo de nada, exceto de não ter me separado de você antes. Vamos combinar que nunca fomos um casal de verdade... Meu pai só nos quis junto pela política, e foi por ela que eu continuei com você durante esses anos mesmo sabendo que jamais poderia amá-lo de verdade. - Simone segurou a mão de Soraya e falou sem medo.

- Eu te perdoei após cada traição sua por amor, não por política. Eu quis você do meu lado mesmo sabendo que não era aquilo que você queria porque eu te amava.

- E você chama isso de amor? Prender alguém à você só porque é sua vontade estar com a pessoa? E as vontades dela, não contam? - Soraya perguntou.

- Simone sempre teve tudo o que queria. Nunca deixei que lhe faltasse nada. - Ele retrucou.

- Liberdade de escolha. Foi isso que faltou à ela. Simone não é o que você pensou que fosse. Não é mulher de ficar em casa cozinhando enquanto o marido trabalha e sustenta a casa, não que isso seja errado, só não é a Simone que eu conheço. - A loira respondeu.

- E você acha que a conhece? Passou seis meses transando com ela, se é que podemos chamar o que vocês fazem de sexo, e acha que sabe tudo sobre a mulher com quem eu vivi anos?! - Ele se aproximou falando de forma agressiva enquanto levantava o dedo para a estudante.

Os peões tentaram se colocar entre eles, porém Simone os afastou, soltando também a mão de Soraya para se aproximar mais do homem.

- Da próxima vez que você gritar com ela desse jeito, eu vou pedir pra que meus funcionários lhe tirem daqui aos chutes. - Ela falou baixo e calma, olhando nos olhos de Eduardo.

- Ora ora... não é que a mulher-macho que seu pai tanto falava está dando as caras? - Ele riu abrindo os braços.

Nesse momento Maria e Thaís saíram de dentro da casa após ouvir aquela gritaria.

- O que esse bode velho tá fazendo aqui? - Perguntou secando as mãos no avental e olhando para Eduardo.

- Essa empregadinha ainda trabalha aqui? - Ele ironizou já irritado com tudo aquilo.

- Cala a boca, Eduardo! - Simone gritou.

- Cala a boca você! - Ele gritou ainda mais alto.
- Achou mesmo que ia ficar assim? Você ia me trair e me trocar por uma alunazinha do interior e viver feliz pra sempre em sua fazenda? - Se aproximou de Simone de forma ameaçadora. Já estava visivelmente fora de si, a camisa social azul claro que utilizava se encontrava completamente suada.

- Licença, Maria. - Soraya passou pela cozinheira e por Thaís, subindo as escadas e indo em direção ao quarto.

- Acho bom você se afastar. - Tebet falou, contudo estava assustada com a forma como Eduardo estava agindo. Ele nunca havia se mostrado agressivo durante os anos de casado. Aquilo era completamente novo pra ela.

Os funcionários observavam tudo de uma distância onde pudessem interferir caso a discussão ficasse ainda mais acalorada e o homem tentasse agredir a patroa.
Thaís por outro lado carregava um sorriso malicioso nos lábios, como se estivesse gostando daquela troca de farpas.

Forbidden ClassesOnde histórias criam vida. Descubra agora