Inesquecível

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...Eu sei que não éramos perfeitas, mas nunca me senti assim por ninguém.

Aqueles certamente haviam sido os dois anos mais difíceis da vida de Soraya.
Suas notas caíram drasticamente após o sumiço de Simone.
Ela queria convencer a si mesma de que a professora não tinha a ver com aquela queda, mas qualquer tolo conseguia perceber o quanto a partida de Tebet havia afetado Soraya.

Mesmo sabendo que Simone não voltaria para a cidade, ela nunca deixou de ir até a casa da morena.

Quase todos os dias depois das aulas a estudante passava na frente do imóvel. Chegou a bater algumas vezes sendo sempre tratada mal por Eduardo, que a mandava embora aos gritos.

Foi também diversas vezes a sala de Luiz implorar por um telefone ou qualquer contato que tenha ficado na ficha de Simone, mas era inútil.

Ela com certeza preferia tomar outro tiro de Fernanda a sentir aquela dor.

Algumas vezes durante a aula de direito administrativo agora ministrada por Eduarda, Soraya abaixava a cabeça e chorava em silêncio. A professora fazia de tudo para expor a estudante, é claro. Mas Thronicke simplesmente não se importava, só fazia tudo o que lhe era mandado.

Silvia havia reprovado nas provas do segundo semestre e seus pais a retiraram da UNAES, se mudando por definitivo de Campo Grande. Contudo nem mesmo a saída da jovem pôde deixar Soraya feliz. Ela praticamente vivia no automático, havia perdido o brilho nos olhos e a vontade de sorrir.

Sua mãe havia ido visita-la algumas vezes durante o quarto semestre, estava preocupada com a forma como Soraya simplesmente não se importava com mais nada, contudo por mais que tentasse arrancar dela alguma pista que a levasse a descobrir de onde vinha todo aquele vazio, de nada adiantava.

A verdade é que por mais forte que fosse, a jovem havia criado uma dependência emocional gigante para com Tebet, e o abandono da advogada a fez perder o sentido na vida.

A sua maior tortura eram as aulas de direito administrativo. Ela segurava forte o colar com as iniciais de Simone sempre que Eduarda adentrava na sala dando bom dia. Além é claro dos comentários pouco amigáveis de estudantes de outras turmas, que davam risada e faziam piada sobre o romance que ela havia tido com a professora. As pessoas mais próximas a ela não só dentro da UNAES mas em toda Campo Grande, eram Pedro e Cristina, que sempre tentavam levantar o astral de Soraya apesar de não adiantar.

Após dois anos a espera de Tebet, ela já havia perdido suas esperanças e estava completamente decidida a trancar a faculdade e voltar para o interior. Talvez reabrisse futuramente, mas naquele momento Soraya não se sentia psicologicamente preparada para finalizar seus estudos.

Era segunda, a loira já havia arrumado suas malas no dia anterior e estava pronta para ir até a universidade conversar com o diretor sobre sua saída. Ele já havia sido informado pois a jovem tinha tomado essa decisão dias atrás e comentado com Pedro e Cristina. É claro que o boato correu por todo o campus.

Soraya pegou sua bolsa sem sequer verificar se estava levando todos os documentos e saiu.

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Simone não estava melhor que Soraya. A professora havia se mudado por definitivo para sua fazenda um ano após sair de Campo Grande, ela havia tentado viver em uma de suas propriedades no centro de Três Lagoas, contudo não conseguiu se acostumar, além de estar inquieta imaginando como estaria Soraya.

A fazenda lembrava a aluna, tudo naquele lugar, então Tebet passou a morar no local e cuidar dos negócios.

Já nem se importava com seu futuro, sonhos ou qualquer outra coisa que pudesse ser impedida por sua orientação sexual, contudo dentro desses dois anos, ela que jamais esteve sozinha, não ficou com absolutamente ninguém.

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