Tortura

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No dia seguinte Soraya levantou muito cedo, por volta das seis horas da manhã já estava tomando banho enquanto Simone dormia tranquilamente.

Após o banho a loira colocou um short jeans curto, uma blusa xadrez vermelha e branca de mangas compridas e a única bota que tinha. Ela saiu do quarto sem fazer barulho para não acordar a namorada e desceu as escadas indo em direção a cozinha. Ao chegar no cômodo encontrou Maria já preparando o café e abraçou a mulher por trás sem nenhum aviso prévio, assustando a cozinheira.

- Pela misericórdia, menina. Você quer me matar? - Disse a mulher colocando a mão sobre o peito.

- Desculpa. - Respondeu Soraya rindo.

- A noite foi boa, em? A Simone sobreviveu? Porque eu tive que aumentar o volume da música ontem duas vezes porque ninguém aguentava mais ela chamando por Deus. - A cozinheira balançou a cabeça de forma negativa.

- Senhor! - Soraya arregalou os olhos. - O Pedro e a Cristina já foram? - Perguntou assustada.

- Saíram agora pouco.

- Quem mais ouviu?

- A fazenda inteira, meu bem. - Respondeu Maria. - Mas nem se preocupa, eles só comentam entre eles mesmo.

- Que vergonha... - Soraya se encostou na bancada atrás de si.

- Ontem não teve vergonha, né benzin? - A cozinheira riu.

- É diferente, poxa... - Ela disse sem graça.

- Meu bem levanta essa cabeça e deixa de frescura. Essa fazenda é de vocês, o que os outros tem a ver com o que cês fazem? Vai buscar leite pra mim lá no curral, vai. Preciso fazer um bolo. - Maria entregou uma garrafa de vidro.

- Tudo bem. - como havia prometido que faria o que a cozinheira quisesse, ela não hesitou. Pegou a garrafa e saiu.

Ao chegar do lado de fora da casa, se deparou com Thaís chegando.

- Opa! Bom dia! Tá indo buscar leite? - Perguntou ela tirando o chapéu.

- Sim. - A loira respondeu sem olhá-la.

- E nossa patroa, como tá? - Ela perguntou.

- A sua patroa e minha mulher estar dormindo muito bem. Obrigada por perguntar. - Desta vez ela sorriu de forma sarcástica.

- Acordou bravinha hoje? A morena não deu o que você queria? - Thaís riu e se encostou na parede da varanda.

Soraya que já estava de costas para ela, parou, colocou a garrafa em cima de uma mesa de centro que havia sob a parte coberta da varanda e foi até Thaís.

- Querida, deixa eu te explicar uma coisa no seu idioma; não use palavras no diminutivo comigo, ok? Não é um aviso, é uma ordem. E pra você não é "morena" é patroa, dona Simone, senhora Tebet... Caso não tenha percebido, seu lugar dentro dessa fazenda é de funcionária, você é a que cuida dos animais, e eu cuido da minha mulher. Espero que aprenda a se colocar como tal. - Ela disse olhando nos olhos de Thaís. - Ah... só mais uma coisa, não que nossa vida sexual seja de sua conta, mas a noite foi maravilhosa, tá? E cuidado com as palavras, a Simone pode não ter coragem de te chutar pra fora daqui, mas eu tenho, e se não percebeu ainda, ela faz tudo o que eu peço. Então segura essa língua, peoa. - Finalizou antes de pegar o balde e sair.

Thaís ficou paralisada com a forma como Soraya falou com ela. Nem Simone nunca havia falado daquela forma.

- Isso é o que vamos ver, loira azeda. - Ela disse após alguns segundos.

Soraya saiu a passos largos em direção ao curral. Chegando lá ela encheu a garrafa com o leite que os peões haviam acabado de tirar e voltou.

O caminho não era muito longo, mas também não muito curto, ela passou as margens do rio que cortava a fazenda e ao lado do cercado onde as vacas estavam. Admirou com gosto aquela paisagem. Nunca achou que pudesse gostar tanto de uma vida no campo, mas com Simone era definitivamente tudo perfeito. Ela poderia se acostumar a acordar cedo todas as manhãs, tirar leite da forma tradicional, e até cozinhar para Tebet quando necessário.

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