Capítulo 2

102 3 1
                                    

   Depois da nona expulsão por comportamento inadequado na sala de aula, estávamos eu e Lucas no pátio fugindo da diretora macabra com um olho de vidro mal colocado que dava um ar de ser vesgo.

   Observávamos as nuvens, deitados um do lado do outro no gramado em baixo da "nossa árvore", como havíamos a apelidado.

Fitei Lucas por alguns minutos, reparando nos mesmos detalhes que reparara a anos.

Os olhos claros, o cabelo preto bagunçado de uma forma incrívelmente sexy, os alargadores que ele acabara de aumentar, a argola preta no canto da boca e a pele clara com algumas espinhas.

Ele era a criatura mais perfeita que Deus havia criado no mundo.

Logo seu olhar se encontrou com o meu, ligeiramente fiquei vermelha e virei o rosto na esperança de que ele não visse. Acho que foi meio inútil.

-Você ficaria ótima de alargadores. - Ele disse.

-Eu não posso, você sabe disso.

Lucas segurou minha mão e levou minha blusa na altura do meu cotovelo. Tentei puxar de volta, mas foi em vão.

-Ela ainda te bate? Sério Emma, não sei como você aguenta isso. Olha só pro seu braço.

-Eu não tenho outra escolha.

-Claro que tem, é só denunciar ela.

-E ir pra onde, Lucas? Sem ela eu não tenho onde cair morta.

Ele se levantou e andou de um lado para o outro. Foi aí que eu percebi que ele usava a calça que eu havia lhe dado, era preta e rasgada no joelho.

-Ja sei - ele disse - talvez se você debatesse de frente com ela, ela parasse.

-Como assim? - disse me sentando.

Lucas deixou escapar um daqueles lindos sorrisos brancos e mexeu na argola. Alargadores. Foi o que ele disse.

-Não tenho grana pra pagar um estúdio.

-Não precisamos de um estúdio, passa na minha casa depois da aula.

Quem é você?Onde histórias criam vida. Descubra agora