Capítulo 8

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   Vimos o filme, ou melhor, o transformamos numa piada. Lucas realmente me fazia bem,  com ele todos os problemas,  por pior que fossem, desapareciam. Assim como a escuridão abre caminho para o pequeno feiche de luz,  por menor que ele seja.
   Lucas adormeceu rapidamente. E ele continuava lindo,  mesmo dormindo. Sua expressão calma, a boca ameaçando um sorriso, o cabelo bagunçado.
   Levei minha mão até uma mecha do seu cabelo retirando-a do seu rosto. Naquele momento,  não existia ninguém mais perfeito que ele. Aliás,  nunca existiu.
   Passei meus dedos por suas bochechas, a única coisa que eu queria, que eu necessitava,  era beijá-lo. Logo Lucas ameaçou acordar me despertando do meu transe,  afastei os pensamentos e fiquei o observando,  até adormecer também.
   No dia seguinte,  Lucas já havia acordado.  Me arrastei preguiçosamente até o banheiro e me despertei em um banho,  logo em seguida fui até a cozinha e ele estava na janela falando ao celular.
   -Ok,  obrigado. - E desligou assim que me viu.
   -Bom dia.
   -Bom dia.
   -Tenho boas notícias.
   -Quais? - perguntei me sentando em uma das cadeiras do balcão de granito.
   - Você precisa de um emprego,  certo?
   -Certo.
   -Então,  o pai do Tales tem um estabelecimento alugado no posto de gasolina que fica aqui perto e ta precisando de alguém pra trabalhar lá. Podemos ir lá hoje,  o que acha?
   -Sério? Por mim tudo bem,  mas você não tem que trabalhar hoje?
   -Ja expliquei a situação pro Tales.
   -Você não existe...
   -Eu existo,  pra cuidar de você.
   E assim fizemos,  fomos até o posto a pé mesmo, realmente ficava perto. Uma quadra,  mais ou menos. O local era grande,  embora nunca tinha reparado. Era coberto pela tintura vermelha, iluminado por várias portas de vidro e janelas.
   -Lucas,  finalmente apareceu! - disse o homem alto e barbudo,  com uma barriga de shop.
   -Fiquei sabendo que precisa de alguém para trabalhar aqui.
   -Quer se candidatar a vaga?
   -Bom, eu não. Mas minha amiga aqui sim.
   -Você? - ele se abaixou,  me fazendo se sentir totalmente inferior.
   -Eu. - respondi com firmeza, tentando esconder o tremor na voz.
   Ele me olhou de cima a baixo.
   -Qual sua idade,  garotinha? - e agora eu me sentia um bebê.
   -15.
   -Você é meio nova para trabalhar,  não acha?
   -Qual foi, Eduard? Ela precisa do emprego.  -Lucas entrou na frente - e você de alguém pra trabalhar aqui.
   Ele me encarou novamente, mais do que o necessário. Eu realmente estava ficando encomodada com a situação e prestes a sair correndo,  quando ele finalmente falou.
   -Tudo bem, você começa amanhã,  mas só porque não tenho uma fila de candidatos. Quero ver seu currículo.
   -Valeu!  - Lucas me puxou para fora da loja.
   -E então?
   -Então o quê?
   -Não vai me agradecer?
   O abracei.
   - Ah,  Lucas. O que eu faria sem você?
   -Nada. - ele sorriu e retribuiu o abraço.
   Minha vida começaria ali,  Minha vida de verdade.

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