Capítulo 16

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   Tentei disfarçar ao máximo meu nervosismo, com a ideia de que alguém ainda me observava. Lucy estava no hospital, totalmente fora de cogitação qualquer outra pessoa falar que vai cuidar de mim. Eu sempre estive sozinha. Sempre.
   Pensei em checar todas as entradas da casa, janelas e afins para ver se havia alguma de qualquer pessoa que não fosse eu entrar naquela casa, mas destruí a ideia considerando que eu era medrosa de mais pra isso. É aquela coisa, quem procura sempre acha. Talvez seja errado eu pensar dessa maneira, mas foi o que ocorreu.
   Tranquei a porta do meu quarto e me certifiquei de que a janela e a janela do banheiro também estavam trancadas e fui direto para baixo do chuveiro, deixando a água cair sobre mim e me livrando de cada gota de memória. Estava certa a maneira como eu fugia dos meus problemas sem nem cogitar a ideia de resolver? Claro que não. E eu me odeio por isso.  Seria ótimo se eu conseguisse enfrentar tudo igual a Emma, de Scream. Ela deveria ser minha inspiração. Mas minha inspiração sou eu mesma, sendo medrosa. Muito medrosa. Tão medrosa a ponto de olhar pra baixo pela janela de vidro (fechada) e ver uma pessoa lá em baixo, encolhida como se estivesse com frio, e é claro, o modo medrosa foi ativado e eu fechei a cortina, imaginando assim que eu estaria protegida. Protegida por uma cortina, sim. Por que não?
   Senti algo vibrar na minha cintura e aí eu lembrei que meu celular estava sendo segurado pelo elástico do meu shorts usado como pijama. Meu coração saiu pela boca.
   - Alô? - eu disse, imaginando a voz do assassino máscarado sair pelo celular e começar a me dar dicas de como salvar a próxima pessoa.
   - Por que você fechou a cortina? - quase não reconheci a voz, considerando que 1, nossa voz nunca sai igual quando conversamos pelo telefone, ou mandamos áudio e 2, a pessoa estava com voz de choro e 3, a ligação cortava mais do que um emo depressivo.
   - Lucas? É vc aí embaixo?
   - Sim, sou eu.
   - Você quer subir?
   -  Seria legal da sua parte - ele disse em meio a fungadas.
   - Ok, vamos fazer o seguinte. O portão deve estar aberto, se não tiver você pula e eu vou jogar a chave da porta pra você pela janela aqui, quando você entrar não esquece de trancar e sobe até meu quarto. Ok? - pode ser que seja exagero meu, mas eu não me arriscaria descer até la e me encontrar com o assassino. Se ele quer matar alguém, que mate o Lucas. Eu estou brava com ele mesmo.
   - Por que tudo isso?
   - Só faz o que eu falei.
   Abri a janela e fiquei esperando. Até peguei minha câmera e fotografei enquanto ele abria o portão, logo estava escrito sobre a foto, com minha caneta preta "últimas horas de vida de Lucas ". Pelo menos eu teria alguma lembrança dele.
   Até que ele chegou a porta e eu abri rapidamente a janela, jogando e chave e fechando a mesma, sem nem ao menos me certificar se ele conseguiu ou não pegar. Só tive essa certeza quando ouvi a porta sendo aberta e um barulho de tranca vindo logo depois. Pelo menos ele não se esqueceu de que eu falei pra trancar a porta assim que entrasse.
  

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⏰ Última atualização: Feb 15, 2017 ⏰

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