Quem eram eles ?

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- Co...como eu faria isso? - minha cabeça era uma completa bagunça, a carta em minha mão ja estava amassada, como já era costumeiro, mais um de seus suspiros ecoam pela sala enquanto ele se afasta indo em direção a uma bandeja com várias garrafas, ouço o barulho de gelo sendo colocado em um copo, logo em seguida ele retorna ao sofá com um copo em mãos, se sentando, ele toma um gole antes de retomar as explicações - Seu pai esta morto. - obvio que aquela ideia já tinha passado por minha cabeça, mas ouvir isso tão diretamente faz meu peito apertar, eu já não sabia mais nada do que sentir, tudo que eu sabia sobre minha vida, estava sendo desfeito bem diante de meus olhos - Eu... eu tentei mas, cheguei tarde de mais - mais do que perceptível sua voz embargou ao revelar essas informações, de uma só vez ele vira o líquido amarronzado sobre os lábios, o copo ainda em suas mãos é balançado fazendo os gelos dançarem lá dentro - E aparentemente você também - seus olhos tornam a me encarar firmes, e eu arregalo os olhos diante dessa " novidade" - A aproximadamente um ano, aquela mulher retornou a California, trazendo com ela seus supostos atestados de óbito. Vocês teriam morrido em um acidente de carro, do qual milagrosamente apenas ela sobreviveu. Aquela cobra é tão venenosa, que conseguiu fotos de corpos em meio ao ferro retorcido de um carro destruído. Seu avô colapsou no mesmo momento. Infelizmente eu estava no exterior e não pude impedir as loucuras daquele demônio. Por conta do estado delicado de seu avô, e dos direitos que a porcentagem de ações adquiridas pelo casamento lhe dão, Ana assumiu a diretoria da empresa - eu mal respirava, era difícil demais imaginar que a mulher ao qual eu senti saudades por tantos anos, foi a causadora do meu sofrimento - Então você me perguntou o que você teria que fazer. Eu quero que você assuma a empresa, quero que você se apresente como herdeiro do conglomerado Antunes - aquilo tinha ficado claro, mas como eu poderia. Não tinha como eu ficar a frente de uma empresa, pior, não tinha como eu ficar em frente.... A ela. - Me... me desculpe senhor eu... Eu agradeço tudo que fez por mim mas, eu... não consigo - sinto meu corpo todo tremer, meus olhos se enchem de lágrimas novamente enquanto encaro o chão, e como já acostumei, ouço um suspiro vindo de Samuel, e logo vejo seus pés a minha frente, se abaixando ele toca minha perna - Eu entendo, é muita coisa pra se absorver em um só dia. Vá descansar, amanhã conversamos com mais calma - a mão que toca minha perna ainda está manchada de vermelho e enrolada no lenço de tecido
- Sua mão - eu estico lentamente minha mão para examinar a sua, mas ele rapidamente afasta o braço
- Não se preocupe, não é nada de mais - ele se vira, ficando em silêncio. Sinto meu peito apertar, minha cabeça parecia tão pesada que apenas ignoro tudo e aceito a oferta de me retirar - Bom, então boa... boa noite - recebo apenas um resmungo de Samuel, engulo em seco saindo da sala. Ainda que já estivesse alguns passos distante, seus choro e soluçoes chegavam até mim com clareza.



Tomei um banho sem nem saber como, as palavras de Samuel ainda rodavam em minha cabeça, me deito na cama sentindo como um caminhão tivesse me atropelado. Viro pra um lado, viro pro outro e nada de meus pensamentos se acalmarem. Abro os olhos e assim que o faço vejo sobre a mesinha de cabeceira o papel amassado e manchado. Com um frio absurdo na barriga, ligo o abajur me sentando na cama e a pegando na mão. Sinto meu estômago contrair e o corpo se arrepiar quando percebo ser sangue algumas das manchas sobre a carta. A largo sobre a cama, escondendo meus rosto entre os braços que eu apoia sob os joelhos, a ideia de que tudo que eu sabia até agora sobre meus pais fosse uma completa mentira, me deixava com um nó na garganta, eu tinha tanto medo do que podia descobrir, será que fui apenas um erro ? Será que suas palavras me trariam alívio ou apenas mais dessa dor que me consome a anos, ainda que durante toda minha vida eu sentisse que eles me odiavam, ver isso dito diretamente por ele me assustava. Mordo os lábios e decido enfim acabar com aquela angústia, afinal se fossem de ódio suas palavras não me surpreenderia em nada, então não havia por que arrastar ainda mais aquele tormento. Desdobro o papel, sentido neu peito tremer ao reconhecer sua caligrafia

Mesmo que não seja eu... Me deixe ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora