A hora do confronto

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O garoto sobre a cama mal conseguia abrir os olhos, mas o calor sentido contra seu corpo, já era capaz de aquecer seu rosto. Como prometido, o garoto reviveu aquela sensação nova por muitas e muitas vezes durante a noite até a madrugada. Pedro não podia esconder a vergonha, mas acima disso a felicidade que sentia, o aperto em seu corpo ficou um pouco o mais justo, e ele estava pronto pra virar, encarnado aquele pelo qual seu coração batia tão desesperado, porém a voz que soou a suas costas lhe causou espanto — Good Morning Baby – antes que ele pudesse responder algo, a porta foi aberta — Oh, você já acordou paixão, eu fui fazer o café e… Jimitry!?? Que porra é essa? – o homem que passava pela porta, com uma linda bandeja de café da manhã nas mãos, búfava, completamente irritado — Eii, fala baixo, my Baby acabou de acordar — as mãos do homem se enrolam ainda mais na cintura do garoto — Hii baby, estava com tanta saúde – por mais surpreso e chocado que estivesse, Pedro não resistiu os olhos piscantes e sorriso caloroso de Mity — Eu também estava com saudades, mas… será que… poderia só – ele não tinha coragem de falar, mas o fato era que ele ainda estava nu, abaixo das cobertas, mesmo se cobrindo com o edredom, ao qual Jimitry havia deitado por cima, as bochechas de Pedro coravam fortemente com a intimidade compartilhada. Apesar do beiço entristecido, o homem já se aprontava pra sair, mas ao se erguer da cama, acabou por puxar junto o tecido que escondia, o que seus olhos agora encaram com surpresa
— DADDYYYYYY – o grito dado pelo homem, pegou Sam e Pedro de surpresa, mas Jimitry já tinha os olhos lacrimejantes e dos lábios não paravam de sair palavras rápidas, o que dificultava a Pedro enteder o diálogo em inglês — Para de gritar Jimmy, ele não tá machucado – quando as palavras de Samuel, que claramente irritado, largava a bandeija sobre o aparador e se aproxima da cama, foram entendidas por Pedro, o menor simplesmente puxou o edredom, não apenas pra cobrir o corpo, mas também o rosto que ardia em vergonha
— Como não!?? Olha o estado do menino, parece que um pitibul atacou ele !! Meu pobre baby, eu tô aqui agora, eu vou te proteger desse psicopata – o garoto escondido abaixo do casulo criado pelo tecido, era fortemente abraçado pelo advogado — É isso mesmo Jimitry!? O cara que ficou uma semana com a marca de uma coleira no pescoço, está ME julgando ?? – o suspiro irritadiço de Samule rebervera pelo quarto enquanto os cabelos do mais velho são bagunçado com fúria por sua própria mão — Eu sou adulto! Pedro é só uma criança, um baby – as lágrimas quase saiam dos olhos do homem que protegia o garoto como uma mãe leoa — Por Deus Jimmy, fale baixo, as pessoas vão acreditar nessa besteira. E sai de perto dele – avançando até a cama, um batalha até engraçada começa sobre os lençóis. Apenas as pernas de Pedro eram vistas, em meio aos braços de Samuel e Jimmitry que disputavam o domínio pelo corpo do garoto. Quando a voz rouca soou a porta do quarto — Se não fosse meu namorado, meu filho e meu genro sobre essa cama, eu até ficaria animado… Então o que está conhecendo aqui ?? 

...

Assim que Anthony conseguiu acalmar os ânimos, todos desceram para sala de estar, onde agora estão comportando-se sobre os olhos controladores do mais velho — Pedro querido, peço desculpas pelo comportamento dessas crianças. Me encarregaremos de castigá-los como merecem e…

— Oh, não senhor, por favor, não... Não foi nada demais, eu… eu não estou machucado – mais do que nervoso, seu ato de puxar a camisa de gola alta ainda mais pra cima do pescoço, era por pura vergonha. Ainda mais por que Jimitry encarava fixo, Samuel ao seu lado, e apenas pra provoca-lo, Sam sorri, puxando seu corpo ainda mais pra perto — Ora seu… Daddy ele não pode fazer isso com Pedro, ele vai tirar a eloquência do meu menino – a vozinha quase chorosa de Jimy, ganhou a simpatia de Pedro, afinal ele só estava tentado lhe proteger, mas encontra partida o revir de olhos de Samuel deixava claro seu pouco saco pro teatro alheio — É inocência my candy. E sinto muito desmanchar essa sua ilusão. Mas nosso menino Pedro não está com uma cara de quem foi uma vítima da libido alheia. Pelo contrário ele parece ter sido o causador de seu próprio " sofrimento"... Estou errado pequeno? – obvio que o mais velho não receberia uma resposta, já que naquele momento o rosto de Pedro parecia preste a explodir, vermelho seria uma cor fraca pra descrever o tom sob suas bochechas. Ele só pode agradecer, quando o som de risadas tomou conta da sala, e os dois recém chegados passaram a receber toda que a pouco estava sobre si — Oh, chegou cedo doutor, achei que seu voo fosse mais tarde. Oh Fredy, você também está aqui, coincidência chegarem juntos. Como foi a viagem? — secretamente Pedro agradece Sam, claro que o cumprimento aos recém chegados foi verdadeiro, mas também uma desculpa pra mudar o assunto
— Bom dia a todos, o voo foi tranquilo, obrigado por perguntar senhor – o médico muito bem educado conclui sua frase com um aceno de cabeça, enquanto o homem ao seu lado, se mantinha em silêncio com as bochechas um tanto quanto avermelhadas demais — Bom, que tal agora que todos estão aqui, irmos para mesa tomar nosso café da manhã. Assim vocês podem nos contar um pouco como foi a viagem ao Brasil – o corpo do jovem secretário gelou, e o chiclete que foi engolido, quase disputou a autoria de ser o motivo de seu óbito quando as palavras de Jimitry, animadas e brincalhonas, chegaram até ele. 

— Exatamente doutor, vai ter que contar direitinho quem deixou esse chupão no seu pescoço!

 ...

O garoto estava mais do que nervoso, e não era pra menos, faziam apenas duas horas que seu mundo tinha sido bagunçado por aquele telefonema. Uma reunião extraordinária foi montada na empresa.  O dia que ele mais temia chegou, hoje, Pedro encontraria sua mãe! 

Arrumado em um terno escolhido por Jimitry- quase entre lágrimas -  o garoto agora estava trajado em uma camisa branca, escondida abaixo do belo terno azul marinho, complementado pela gravata cinza. Suas mãos tremiam e suavam, enquanto o carro estacionava no subsolo da empresa. O choque atingiu a todos durante o café da manhã, o silêncio só lhe deixava ainda mais angustiado. Mas assim que saíram do automóvel, sua mão foi firmemente segurada de ambos os lados, Samuel com a voz doce tentava lhe tranquilizar
— Vai dar tudo certo paixão. Você não estará sozinho – o menor sente um pequeno aperto, e logo é a voz de Mity que chega ao seu encontro — Não tenha medo my baby, ninguém nunca mais vai te fazer mal – mais um aperto é recebido contra sua mão, e lhe assustando um pouco, uma voz soa animada a sua nunca — Susu chefinho, você vai arrasar! – respirando fundo, o garoto esconde com um sorriso o frio do medo em seu estômago — Eu sei… graças a vocês, eu não estou com medo.

Caminhar pelos corredores parecia tão difícil quanto a primeira vez que se viu naquele na bordel. Olhos curiosos, alguns desdenhosos, outros sorridentes. Inúmeros sussurros os seguiram até que chegasse a grande porta de vidro fumê, que escondia lá dentro a base de toda sua confusão emocional. O afago em seu ombro parecia lhe trazer uma lufada de ar aos pulmões quase apertados no peito, ao olhar pro alto, o sorriso através da barba cerrada e os olhos cinzas tão calorosos, agitou ainda mais os batimentos do garoto
— Não esqueça, eu estou bem aqui – o dedo acaricia sua mão, e o garoto responde com um aceno de cabeça. A porta foi aberta e as vozes que conversavam lá dentro, agora podiam ser ouvidas pelos recém chegados, o que estremeceu a espinha de Pedro ao reconhecer aquela voz, que mesmo com o passar dos anos, apesar de um pouco mais rouca, ainda era a mesma. Exatamente como ele lembrava, das cantigas de ninar de sua infância.

— Que bom ver todos aqui, apesar da pressa com que essa reunião foi organizada. Como muitos sabem meu sogro vem enfrentando uma condição delicada de saúde. E infelizmente os prognósticos não são bons, por conta disso, solicitei esta reunião pois acho que será melhor pra empresa se definirmos seu sucessor… temporário é claro – com olhos lacrimejantes a mulher estica a mão pedindo um minuto, para que se recuperasse do impacto de suas próprias palavras. O incômodo de Samuel é perceptível pelo garoto ao seu lado — Sei que é um cargo exigente e de muita responsabilidade, sabendo também o respeito que tem pelo presidente, me coloco à disposição para assumir esse cargo até sua melhora. Acredito que com ajuda de vocês, podemos cuidar da empresa de meu amado sogro até que ele esteja pronto pra retornar. Como sabem, sou o parente mais próximo e – o corpo de Pedro gelou naquele momento, quando a voz de Samuel soou ao seu lado, e por mais que não fosse o momento, o garoto não conseguiu esconder seu encantamento pelo sotaque inglês do mais velho
— Acho que aqui é onde discordamos Cristina. Acredito que um neto é muito mais proximo do que uma ex nora não!?

— Oh, não vi que está aí senhor … Fernandes. Ah,por que não se senta. Peço desculpas, mas não entendi o que… – assim que encara com um pequeno sorriso o homem, ao qual acabara de notar a presença, o rosto da mais velha se torna opaco e perde a cor. Os pés, envoltos em um salto agulha, cambaleiam contra o carpete que revestia a sala de reunião, seus olhos encaram com assombro o corpo franzino escondido entre os ombros de Samuel e Jimitry — Não… não pode ser… não é de verdade – o peito do menor que observava tudo em silêncio se aperta, e o nome em sua garganta impulsionava as lágrimas que começavam a se formar nos olhos. Samuel sentiu um pouco de satisfação ao presenciar o assombro da mulher diante a presença de Pedro, mas a luxúria daquele sentimento logo foi substituído pela surpresa quando em crises de soluço e choro a mulher corre em direção ao garoto — MEU BEBE… MEU DEUS MEU FILHO… É MEU FILHO… OBRIGADAA SENHOR, OBRIGADA DEUS, MEU MENINO… E O MEU MENININHO – a surpresa tomou a todos na sala, murmúrios e ofegos de descrença eram compartilhados entre os demais acionistas e advogados, enquanto Pedro era abraçado, beijado, e molhados pelas lágrimas de desespero e felicidade da mais velha. A cena era emocionante a todos os presentes ali, mas o olhar incrédulo era dividido entre os quarto homens que a pouco deixaram a mansão, achando encontrar aqui, uma cena de guerra. O olhar entre os dois amantes era mais do que claro… 

" O que caralhos está acontecendo aqui!?"

Mesmo que não seja eu... Me deixe ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora