Como Nunca

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A cabeça do advogado parecia ter entrado no ritmo brasileiro. Era como se cinco escolas de samba estivessem competindo em sua cabeça pra ver quem o destruía primeiro. Os olhos pesados e um pouco inchados, se abrem encarando o quarto ao seu redor, que para sua confusão, não era o do pequeno apartamento que ainda mantinha no país. Um borrão de muitas imagens se fez presente em sua cabeça, no mesmo momento em que a porta, quase em frente a cama se abriu. Saindo do banheiro o homem alto, enrolado apenas em uma toalha, o cumprimenta —  Bom dia, já acordou. Está com fome? – Felix que saia do banheiro secando os cabelos loiros, caminha até o pequeno frigobar, pegando uma garrafa d'água e entregando ao homem confuso sobre a cama, que rapidamente se cobre por inteiro quando o médico se aproxima — Não vai fingir que não lembra de nada né!? – o mais novo revira os olhos aceitando a água — Não vou fingir, só não preciso ficar lembrando – e o médico não pode evitar a risada, ao constatar as bochechas coradas do outro outro — Como quiser, preciso terminar de me arrumar, meu voo sai logo mais – Felix, já começava a arrumar a gravata enquanto Fredy franzia a sobrancelhas, e encara rapidamente o relógio sobre a cabeceira — WTS Airlines, voo das 11:45? – o médico se interrompe encarando o garoto, e nem precisaria confirmar, o advogado já sabia que se tratava do mesmo voo que o seu. Suspirando ele bagunça os cabelos, recebendo uma quase ordem do mais velho, em pé ao seu lado, e sorrindo divertido
— Vá tomar um banho, enquanto peço algo pra você comer. Limpei o que pude ontem mas por dentro talvez...

— TA CALA BOCA. Já entendi – Felix precisou segurar com muita força a risada que queria fugir de seus lábios. O rosto de Freddy era quase carmim. O garoto se levanta rapidamente, se enrolando no lençol e seguindo em direção a porta que ainda exalava a fumaça de calor. A vergonha ardia em seu rosto, segurando o gaguejar, ele acha necessário deixar as coisas bem  definidas — Só pra deixar claro. Foi a primeira, e única vez, ok!?

...

A turbulência que sacudia a aeronave assustava um pouco os passageiros. Menos aqueles dois, que se escondiam dentro do pequeno banheiro. Mãos e bocas se chocavam em meio ao balanço do avião. Os membros que eram acariciados juntos se encontravam quentes e pulsantes — Ahh doutor, mais… mais rápido –  Fredy até sentiria vergonha por suas palavras, se tivesse espaço pra qualquer outra emoção em seu corpo além do prazer, uma mão aperta ainda mais os membros, levando o advogado ao delírio, e ao orgamos. A risada do médico veio pouco antes de seu corpo ser virado, o deixando de costas, obrigando o mais novo a se segurar contra a pequena pia do lavabo — Achei que tivesse dito, que isso nunca mais ia acontecer não é!? – a provocação dita contra a orelha do mais novo, veio acompanhada de uma pequena mordida no lóbulo da orelha, e as mãos habilmente, já  abriam as calças do garoto — Mas sabe como é o velho ditado não!? A boca fala. . . o cu paga. 

.  .  .

Fazia uma semana. Uma semana desde que o menor havia confessado seus desejos para Samuel, e desde de então, o mais velho vem lhe evitando. Não o trata mal, mas faz todo possível pra não ficar a sós com o pequeno brasileiro. Como agora, quando Jimitry se despede com um beijo em sua bochecha antes de sair para uma reunião, e exatamente como vem acontecendo, Samuel pede licença e se retira da sala do café da manhã. Mas naquela manhã, Pedro havia acordado determinado, hoje ele não seria ignorado. Subindo as escadas logo no encalço do mais velho, a porta nem teve tempo de se fechar, quando o garoto a segurou e atravessou ficando no quse grudado as costas do empresário — Até quando vai me ignorar!?...

Te ofendi tanto assim? Se for isso me desculpa, apenas… apenas não me faça sentir sozinho de novo – a intensão era ser  firme. Ao acordar essa semana, ele havia imposto para si mesmo, que obedeceria o mais velho, que sempre exigiu que ele verbalização suas vontades, mas então, por que quando ele o fez, foi jogado de lado!? As lágrimas já enchiam seus olhos, e as mãos tremiam na lateral do corpo
— Paix… Pedro, não é nada disso, eu só – a frase que foi substituída por um suspiro, aperta ainda mais o peito do mais novo — Eu… eu peço desculpas se passei dos limites, eu tentei esperar, te dar espaço, mas… dói. Dói tanto ficar longe de você – a voz do menor tremia, e as mãos limpavam as lágrimas que escorriam pela bochecha, mas que rapidamente foram presas contra o peito largo do homem que lhe abraça — Ahh pequeno, me… me perdoa, me perdoa paixão – Samuel lhe apertava com força e carinho. As mãos grandes, agora seguram o rosto do mais novo, encarando firme seus olhos e beijando seus lábios com o absurdo desejo que tinha escondido nos últimos dias. Um beijo lento e intenso, que fez o ar faltar nos pulmões de Pedro. 

Mesmo que não seja eu... Me deixe ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora