𝒌𝒏𝒐𝒘𝒊𝒏𝒈 𝒍𝒐𝒗𝒆 • 𝒆𝒗𝒂𝒏 𝒑𝒆𝒕𝒆𝒓𝒔

022

Eu juntei minhas coisas calmamente na hora de ir para casa e Evan ficou encostado na parede parecendo um adolescente descolado, apenas me assistindo como se seu estivesse fazendo algo impressionante. Em diversos momentos eu olhei para ele e não contive o riso, ele tinha umas atitudes tão estranhas e ao mesmo tempo tão gentis.

Ele esperou pacientemente em silêncio e quando eu terminei, ele se ofereceu para levar minha bolsa mas eu não aceitei. Achei que já era um pouco demais permitir que ele fizesse tanto por mim, ainda mais depois do que havia acontecido em sua sala. Evan não tocou no assunto em momento algum e de vez em quando eu me questionava se realmente havia acontecido. Parecíamos as duas pessoas de semanas atras, sem qualquer dúvida cruel em nossas cabeças ou preocupações sobre precisar tomar alguma atitude um com o outro.

Colocamos as fofocas em dia e ele me contou sobre mais um dos casos de amor do segurança, ele definitivamente tinha a vida amorosa mais agitada que eu já conheci. Evan esperou eu colocar o cinto para enfim ligar o carro, como de costume, ele sempre mantinha seu gesto cavalheiresco.

Diferente dos outros caras com quem me envolvi, de qualquer forma, ele não havia mudado comigo. Ele ainda agia como um bobão, suas piadas ruins continuavam as mesmas, ele não me pressionava, não me deixava desconfortável e sempre continuava sendo um doce comigo. Eu estava mesmo dizendo que ele era um doce? Estava parecendo uma senhora. Mas realmente, ele estava sendo muito gentil e eu não consegui acreditar que homens poderiam ser tão maduros.

Ele era diferente, isso eu já sabia. Não queria me decepcionar encontrando defeitos nele, mas o pouco que eu sabia já deixava claro que ele era um homem honesto e correto. Ele respeitava minhas opiniões, me enaltecia e seu jeito sensível me impressionava. Eu estava criando algum sentimento por ele, isso era inegável. Mesmo não querendo alimentar aquilo ou confessar várias vezes, eu sabia que aquele homem estava mudando algo em mim. Aflorando algo que eu nunca havia experimentado antes.

Ele parou em um drive-in e comprou dois combos de hambúrgueres. Eu implorei por refrigerante, mas ele trocou por dois sucos de laranja. Ficamos parados no estacionamento comendo, conversando e olhando as poucas estrelas do céu de New York. Os prédios impediam boa parte da vista, mas o pouco que conseguíamos ver já era o suficiente. Estava uma noite linda.

— Droga!— resmunguei quando sujei minha boca de molho.

— Ainda bem que eu peguei quase um fardo de guardanapos.— ele sorriu, com os dedos sujos como os de uma criancinha e apontou para os guardanapos brancos em cima do painel do carro. Eu me limpei e coloquei o restante do meu hambúrguer na boca, fiquei com as bochechas enormes e Evan riu ainda mais.— Você é estranha, Howard!

— Isso é um elogio?— questionei assim que engoli.

— Com certeza.— ele limpou seus dedos e encostou a cabeça no banco.— Gosto de pessoas estranhas, são completamente diferentes dos padrões.— ele deu um leve sorriso e eu suspirei.

— Você é simplesmente o cara mais diferente que eu já conheci.— eu murmurei e recebi sua atenção imediatamente. Ele estava relaxado e seus cabelos estavam caídos sobre sua testa, tomei a liberdade de me aproximar e afastá-los dos seus olhos.— Você precisa ter algum defeito, se não tiver eu vou ficar muito irada.— eu ri.

Seus olhos negros cintilavam por conta da minha aproximação abrupta, mas ele não sorriu. Eu pude sentir seu olhar queimar sobre meus lábios e sua respiravam vacilar, mas não me senti corajosa o suficiente para tentar algo. O dia já havia sido intenso o suficiente para outra rodada de adrenalina e excitação. Eu me afastei e fiquei na mesma posição que ele. Evan continuou me encarando e abriu a boca diversas vezes, provavelmente pronto para dizer algo, mas nada saiu.