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É sério que estava mesmo acontecendo? Eu estava correndo pelas calçadas de New York às seis horas da manhã com meu chefe? Sim, eu estava. Eu estava emburrada e com vontade de desistir, mas Evan não permitiu e em certos momentos ele até me puxou pela mão para que eu acelerasse um pouco mais.

Quando finalmente atingimos os quarenta minutos ele apontou para um lugar onde vendiam smothies, acabei comprando um de morango. Estava simplesmente delicioso e eu acabei por perceber que aquela manhã não havia começado tão mal quanto eu pensava. Taylor se assustou quando me viu sair com roupas de ginástica e insistiu para que eu tirasse uma foto do Evan sem camisa. Ela era uma depravada.

— O Greg nunca vai acreditar que eu saí para correr.— murmurei enquanto caminhávamos para a empresa.

— Ninguém vai acreditar, Alex!— ele zombou e instintivamente eu dei um tapa leve no seu braço, que o fez gargalhar imediatamente.

O que estava acontecendo? O que estava acontecendo com a gente? A semanas atrás eu sentia repulsa desse homem e agora estávamos juntos caminhando pela cidade, bebendo smothies deliciosos. Meu Deus! Eu mudei! E como mudei!

Evan cumprimentou o pessoal da recepção, enquanto chamávamos atenção por nossas vestimentas. Mas ninguém nunca poderia reclamar. Ele estava ocupando o lugar do Greg, e ninguém nunca negaria nada ao Greg. Muito menos o repreenderia pelo código de vestimenta da empresa. Então juntos subimos para o nosso andar, onde Evan foi direto para o banheiro particular da sua sala e eu usei o vestiário do outro lado do corredor. Como sempre fui muito preparada, eu deixava algumas roupas reservas em um armário no vestiário e sem muita demora eu me vesti e fiz uma leve maquiagem.

Quando saí, notei os olhares curiosos mas nada que me deixasse desconfortável. Eu sabia o que Kelly estava pensando apenas pela forma como ela sorriu, mas mais tarde eu expliquei a ela que tudo aquilo não passava de dois colegas de trabalho fazendo uma corrida matinal. Teve muitos comentários maliciosos da parte dela, mas eu não dei muita atenção e resolvi que era hora de derrubar o Davon de uma vez por todas.

Quando deu a hora do almoço eu resolvi fazer algo diferente, e mesmo sem o Greg eu reservei uma mesa no restaurante do centro da cidade. Eu pensei diversas vezes se seria o certo convidar o Evan, mas não queria passar a imagem errada a ele. Depois de olhar várias vezes para a porta da sua sala, eu finalmente tomei coragem para dar um passo na direção certa. Mas antes que eu conseguisse abrir a porta, ele mesmo o fez e sorriu brevemente quando me viu parada ali como uma idiota.

— Eu estou indo almoçar. Gostaria de...— ele fez uma pausa, provavelmente se achando tão idiota quanto eu, então eu logo respondi.

— Fiz uma reserva em um restaurante italiano no centro da cidade. Se você quiser...— então foi minha vez de perder a fala.

— Seria ótimo!— ele sorriu abertamente e fechou a porta atrás de si mesmo.— Quer ir andando ou prefere ir de carro?— ele brincou e eu grunhi só de pensar na dor que eu estava sentindo nas pernas.

— Não vou andar pela cidade por um bom tempo.— respondi.

— Você que pensa. Amanhã te encontrarei as seis horas da manhã na frente do seu prédio.— juntos entramos no elevador e eu evitei contato.

Só então notei que ele usava um terno muito bonito, o cabelo estava molhado mas muito bem penteado, seu rosto estava corado por conta da corrida de hoje mais cedo e seus olhos escuros encaravam o metal do elevador. Muitos detalhes e eu não conseguia perder nenhum deles. Achei que iria acabar enlouquecendo com aquele cara ali do meu lado, em um lugar tão pequeno e com nossos corpos tão próximos.

— Gostou do terno?— seu sorriso maroto estava lá de novo quando ele me pegou admirando sua vestimenta.

— Um pouco. Não muito.— respondi nervosamente. Acho que até gaguejei e foi por isso que ele riu de mim. Droga!

— Alex!— o segurança mulherengo me cumprimentou e acenou com a cabeça para Evan.— Está linda!

— Obrigado, Joshua!— eu não dei muita atenção a ele e continuei seguindo Evan.

Assim que entramos no seu carro ele se virou para mim e estreitou os olhos. Confesso que fiquei um tanto quanto confusa, mas logo ele tratou de se explicar.

— Você é um ímã de homens, mas dispensa todos que tentam se aproximar de você.— ele colocou o cinto de segurança e eu dei de ombros.— Tem preguiça até de romances, Alex?

— Tenho e não vou negar. Meus últimos encontros foram uma droga e eu não consigo mais ter disposição para me decepcionar. No fim, vai ser a mesma coisa. Vamos passar a noite juntos e no dia seguinte eu nunca mais vou querer ver ele.— eu suspirei demonstrando cansaço. Evan concordou com a cabeça, mas não tirou a atenção das ruas movimentadas da cidade.

— Deveria dar uma chance para o amor, Alex! Pode se surpreender!— e então ele se calou. E eu fiquei tentando entender o que aquela declaração significava. Ele estava falando de algo entre nós ou sobre homens aleatórios com quem eu já me envolvi? Poxa, isso não é justo! Minha cabeça já é bagunçada o suficiente sem ter um homem bonito me incentivando a amar.

Um almoço bem agradável, devo dizer. Conversamos sobre trabalho e a conversa foi fluindo naturalmente, quando chegamos na sobremesa Evan e eu começamos a comentar sobre as pessoas ao nosso redor. Como as mães brigavam com seus filhos para terem etiqueta, sobre como o senhor barrigudo ao nosso lado puxava assunto com uma mulher bem jovem que não parecia ter interesse algum nele, em como o garçom novato estava perdido em meio aos clientes e em como nunca imaginávamos que almoçaríamos juntos.

— Não teremos donuts. Seria totalmente sem sentido corrermos pela cidade e depois nos  encher de açúcar.— Evan terminou sua salada de frutas e me lançou um olhar um tanto quanto charmoso.

— E o que sugere?— bebi mais da minha água e mordi meu lábio curiosa.

— Algo com frutas ou iogurte natural?— ele pareceu pensar bem e não gostou muito da careta que eu fiz, mas apenas riu.— Vamos, Alex! Precisa de uma vida mais saudável. Você e o Greg vivem se enchendo de porcarias, não sei como a saúde daquele velho ainda está intacta.

— Isso é verdade!— nós gargalhamos enquanto eu ergui minha mão para pedir a conta.— Minha colega de apartamento faz brownies sem açúcar e sem lactose. Que tal? Doce, mas saudável!— eu ia entregar meu cartão para pagar a conta, mas ele não permitiu. Então ele mesmo pagou por tudo.

— Acho uma ótima ideia. Nunca me contou que tem uma colega de apartamento.

— Não éramos próximos o suficiente.— eu murmurei. Evan pareceu se animar com a forma como eu deixei a entender que agora éramos próximos.— E ainda não somos, mas hoje eu estou de bom humor.— fingi seriedade e ele mostrou seus dentes perfeitos. Ele tinha um sorriso tão bonito e cativante, além de eu achar fofo como as maçãs do rosto dele ficavam delineadas quando ele sorria abertamente.

— Tem estado de bom humor ultimamente e eu gosto disso!— ele piscou para mim e eu senti me faltar ar nos pulmões.

O que estava acontecendo?

𝒌𝒏𝒐𝒘𝒊𝒏𝒈 𝒍𝒐𝒗𝒆 • 𝒆𝒗𝒂𝒏 𝒑𝒆𝒕𝒆𝒓𝒔 Onde histórias criam vida. Descubra agora