A Arte de Um Olhar

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Taehyung estava terminando de pôr a refeição na mesa quando ouviu o som vindo da sala de alguém se espreguiçando com vontade. Escondeu o sorriso ao imaginar o rosto fofo que vira ao acordar, quase uma hora antes, de bochechas cheias e lábios abertos, agora provavelmente confuso por estar num lugar desconhecido. Sua imaginação ganhou forma quando Jungkook apareceu na cozinha.

Os cabelos grandes estavam absurdamente bagunçados, criavam cachinhos para o alto de tão cheios; os olhos quase fechados pela claridade, com todas as cortinas abertas naquela hora, tão pequenos que nem pareciam os olhos curiosos de sempre. Jungkook parecia uma criança nas roupas amassadas, fazendo Taehyung pensar que tinha sido sua culpa depois de acordar e se ver agarrado ao corpo do mais novo.

Soltando uma tosse fingida, despistando o pensamento, ele chamou a atenção de Jungkook.

— Está perdido? — Taehyung zombou. — Parece que voltou dos mortos.

— Só estou acordando — Jungkook esfregou as costas da mão nos olhos, e bocejou sonolento — preciso usar o banheiro.

— É aquela porta ali, à direita da escada — Taehyung apontou com o talher que segurava.

Jungkook não disse nada até se arrastar preguiçosamente e sumir pela porta indicada.

Ele era o tipo de pessoa que acordava no automático. Seu corpo era acostumado a escutar o despertador e se levantar sem reclamar; apenas seguir até o banheiro, se arrumar e comer. Era a regra que deveria seguir desde criança, como seus pais haviam lhe ensinado. Devido a isso, era normal dormir já pensando que deveria acordar "corretamente". Enraizado em seu subconsciente, Jungkook não se importava, para seu corpo era costumeiro ter noites rasas, seu sono não era tão profundo a ponto de deixá-lo com aquela preguiça gostosa e comum pela manhã.

Mas tinham dias, aqueles dias nos quais Jungkook não dormia sozinho. Os dias nos quais ele sabia que tendo alguém ao lado na cama, sua mente desligava das preocupações de seu subconsciente. Ele não precisava se preocupar com o horário, com como se apresentaria à mesa pela manhã, não se preocupava com nada além de dormir bem. Dormir com alguém era como acionar um botãozinho em sua mente de que ele não estava sozinho. Então ele dormia, e acordava com aquela preguiça gostosa e comum no dia seguinte.

E esse era um dos motivos de Jungkook ter tido tantos relacionamentos, porque era difícil dormir e acordar com alguém quando era só sexo.

— Que merda — resmungou, esfregando mais uma vez o rosto em frente ao espelho. Taehyung o tinha visto daquele jeito. — Tudo porque fui feito de ursinho de pelúcia a noite toda.

Ele se encarou fazendo uma careta para seus cabelos bagunçados, e aproveitando as mãos úmidas, passou nos fios para alinhá-los, deixando-os baixos novamente. Com o elástico que nunca saía de seu pulso, fez um pequeno rabinho com os fios pretos de cima, prendendo-os no topo da cabeça.

Por um segundo sua mente viajou para longe, lembrando da conversa que tivera com o Kim na madrugada, antes de pegarem no sono, e sentiu-se mais desperto ao pensar que o futuro homem da sua vida dormia no andar de cima.

Claro, se aquele plano de Taehyung em ajudá-lo desse certo.

Jungkook só saiu do banheiro depois de aliviar a bexiga e lavar as mãos uma última vez.

— E então, eu devo levar comida na cama e acordar seu melhor amigo com beijinhos e carinhos? — ele perguntou encostando o corpo na ilha, chamando a atenção do mais velho no mesmo instante, tentado a provocá-lo com aquilo.

Taehyung o olhou, e só conseguiu pensar no quão adorável Jungkook ficava com o cabelo preso daquela forma.

— Faça isso e todo o seu progresso acaba aqui — Taehyung sorriu, sínico, indo colocar a última panela no meio da mesa grande da sala de jantar.

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