A arte na Amizade

150 17 25
                                    

Jimin terminava de escovar seus dentes no único banheiro que tinha em sua casa quando ouviu os passos firmes da mulher baixinha se aproximar pela porta aberta

— Já vai pendurar essas porcarias de novo? — sua mãe perguntou, quando o viu colocar as argolas prateadas nos dois furos que tinha em cada orelha. Ela com a expressão fechada de sempre e sem deixar espaço para o filho responder. — Não entende que isso fica ridículo em você, Jimin?

— Eu gosto de usá-las, mãe — ele respondeu num tom ameno, tentando não dar tanta atenção, passando pela mulher mais baixa que ele e indo direto para seu quarto.

— Não me deixe falando sozinho, garoto! — ela o seguiu segurando a porta que ele tentou fechar. — Me respeite, e escute quando eu falo, essas coisas penduradas são horríveis, você deveria pelo menos agir como um homem decente!

— Mãe, são apenas brincos — Jimin suspirou cansado, nem um pouco a fim de discutir com a mulher que sempre tinha a mesma forma grosseira de falar.

— Tire ou eu te tranco aqui e você não pisa naquela imundície que você chama de curso hoje.

— Você não pode fazer isso — Jimin disse com tédio saindo por sua voz, não dando tanta moral porque tinha noção do quanto seria perturbador dar sua opinião ou se opor a sua mãe.

— Tenta para você ver — Ela saiu dali furiosa, certa de que Jimin faria o que ela mandou.

E ele fez.

Tirou os brincos com um suspiro pesado, já acostumado com aquela rotina e os colocou no bolso da calça branca larguinha que vestia junto com a camiseta azul bebê, e os tênis também brancos que havia ganhado de Hoseok.

Não era fácil sua rotina em casa. Ouvia muitos xingamentos, críticas frias e pesadas, palavras de ódio, muitas vezes saía chorando de conversas que sequer tinha a chance de falar. Jimin estava cansado, muito cansado, mas sua única forma de sustentar seu sonho de ser dançarino era estando ali, com a mulher que lhe criou, erroneamente, mas criou.

O dia no qual havia se assumido gay para a mulher amorosa e que cuidava dele, ficou guardado como o dia que tudo começou a dar errado. Começou com um gelo que durou semanas, então as conversas se resumiam em palavras necessárias do dia a dia, até se tornarem grosseiras quando vinham acompanhadas de ofensas disfarçadas de opinião.

Seria suportável se tivesse parado ali.

Jimin já havia apanhado algumas vezes, como no dia que sua mãe o viu beijando um garoto na praça perto da escola, e no dia que ela descobriu que o filho estava transando com caras mais velhos. Foram as duas vezes mais memoráveis para Jimin, porém, quando precisou dizer que queria estudar dança, ouviu coisas que preferiu estar apanhando do que escutando.

Desde então, a relação com sua mãe ia de mal a pior.

Contando até dez uma vez, e mais desse para garantir que iria surtar, ele pegou sua bolsa e saiu do quarto. Não fez barulho nenhum, e apenas quando chegou na porta da sala, gritou que estava saindo sem esperar sua mãe responder. Agradeceu aos céus por Hoseok já o estar esperando na frente de sua casa com o carro esporte branco.

Hoseok não buzinava pois já sabia como era, então o ruivo apenas sorriu e acenou para Jimin, que entrou no carro e colocou o cinto um pouco perturbando, mas nada que já não estivesse acostumado.

— Tudo bem? — Hoseok perguntou.

— Huhum — ele concordou sorrindo normalmente pegando seus brincos no bolso e os colocando nas orelhas. — Viu que falaram no grupo que hoje vão liberar para começarmos os trabalhos de exposição?

You As Art |TAEKOOKMIN| Onde histórias criam vida. Descubra agora