A Arte por Amar

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A rotina noturna naquele apartamento era sempre a mesma para Jimin. Colocar Taejun para dormir, verificar se Taeyong já estava deitada — alertar que ela tinha só mais uma hora para usar o celular —, e levar suas cobertas e as de Taehyung para a sala de televisão, onde deitava  no sofá e esperava pelo Kim mais velho.

A diferença naquele dia, foi que Jimin esteve o tempo todo com a cabeça distraída. Não percebeu que havia pego uma coberta só ao invés de duas; que não tinha avisado Taeyong que logo ela deveria desligar o celular; nem lembrado do beijinho de boa noite de Taejun.

Estava mais como Taehyung todos os dias: com os pensamentos barulhentos tomando conta da mente.

— Já disse para você pegar as duas cobertas, Chimmy, você sempre rouba a minha parte! — Taehyung apareceu com um pote grande de pipoca no braço, enquanto segurava dois copos longos e gelados de refrigerante.

— Não quer ficar perto de mim? Entendi — Jimin pegou os refrigerantes e colocou no suporte dos braços do sofá grande, já aberto para que pudessem deitar.

— Se puxar minha parte, eu juro que te faço cócegas — Taehyung resmungou, sentando ao lado de Jimin no sofá, jogando a coberta por cima de seus corpos. Jimin grudou em seu corpo automaticamente, se aconchegando como um gatinho procurando carinho.

Taehyung também estava alheio, começando pela pipoca sem uma pitada de sal, os copos fechados de refrigerante sem os canudos, e o pano de prato que usou para enxugar a louça ainda pendurado em seu ombro.

— Esqueceu os canudos — Jimin resmungou, frustrado por ir com vontade em busca de um gole da bebida gelada e perceber que não tinha como beber pelo buraquinho vazio.

— E você sequer ligou a televisão — Taehyung retrucou já se levantando, reparando no pano ao vê-lo cair de seu ombro. Rapidamente o pegou. — Já volto.

O Kim ouviu Jimin bufar antes de ouvir a televisão ser ligada. Na cozinha, jogou o pano de qualquer jeito sobre a pia e foi em busca dos canudos que faziam parte dos copos da Marvel que usariam naquela noite.

Encontrando-os sobre a mesa, ao lado de seu celular, o Kim se deu conta de que estava com a cabeça nas nuvens. Mais do que o normal. Debruçando sobre o encosto da cadeira, ele suspirou, cansado de tudo que afligia sua mente naqueles dias.

No fim, tudo que conseguia pensar era unicamente no sorriso bonito e pentelho do cara mais novo que de um dia para o outro apareceu alegando amar sua arte e Park Jimin.

Jungkook ocupava todos os seus pensamentos, justamente quando não podia, quando não tinha espaço para mais preocupações aleatórias na cabeça do Kim. Ele se sentia um fracassado por deixar um simples beijo dominar todo seu juízo.

Taehyung não tinha tempo para conciliar vida acadêmica, profissional e familiar com vida amorosa... céus! Jungkook não fazia parte de vida amorosa alguma, Taehyung sequer tinha algo que pudesse chamar de amoroso que não fosse sobre seus amigos e irmãos exclusivamente.

Para piorar, ver Jimin era como um lembrete de que tinha pendências com o garoto. Pendências essas que ele com certeza não queria falar sobre. Lembrar já era torturante e culposo o suficiente.

Porque não tinha sido um simples beijo. Um simples beijo não deixaria Taehyung tão inclinado a pegar o celular e pedir em uma única ligação para que Jungkook aparecesse em sua porta. Ainda conseguia sentir o desespero nos lábios do mais novo uma vez colados aos seus. O aperto das mãos, e os quilômetros que aquela pouca distância teve antes de se encaminharem para como estavam agora. Fingindo que sequer existiam.

— Você esqueceu de colocar sal na pipoca — Jimin entrou na cozinha carregando o pote já mexido de pipoca. — Sinceramente não sei como não perde a cabeça.

You As Art |TAEKOOKMIN|Onde histórias criam vida. Descubra agora