CAPÍTULO 43

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LUCY GONZALEZ

Eu franzi o cenho, por alguns segundos, tentando entender o que aquilo tudo significava. Eu estava diante da mulher que me colocou no mundo e ela tinha meu nome tatuado em seu braço. Por que?

— Ah, como eu sonhei com esse dia. — Verônica parece emocionada

— Ela é minha irmã. — Pilar explica quando eu encaro Verônica sem entender

— Ah… — murmuro — V-você é… ah…

Coço a cabeça e olho pra Hattie, sem saber o que dizer.

— Quando eu conheci o seu pai, eu tinha dezessete anos. — conta — Ele era namorado da Verônica, mas acabou se apaixonando por mim.

— Já resolvemos isso. — Verônica garante — Eu quebrei o nariz dela com uma porta.

— É, as mulheres da nossa família têm o sangue quente. — Pilar sorri tensa — Uns quatro meses depois que começamos a sair, eu engravidei. Tivemos você, moramos em um trailer. Combinamos de ficarmos sóbrios juntos, mas não demorou nem dois meses após o seu nascimento e eu já estava bebendo de novo. Leo foi mais firme, mas eu não era fácil, então ele voltou a usar heroína quando você tinha uns seis meses. — suspira — É estranho dizer que, apesar do vício dele ser mais difícil, ele era o mais responsável de nós dois. Ele gostava de fazer chiquinhas no seu cabelo, colocava laços rosa.

Trinco o maxilar, começando a sentir raiva. Eu não quero falar sobre isso, eu aceitei o meu passado e enterrei bem no fundo da minha alma. Eu entendo que tenho vó, mas não tenho pais e estava tudo bem… até agora.

— Eu não quero… — franzo o cenho — Saber disso. É uma história triste.

— Mas eu preciso falar, porque eu sinto que te devo isso. — me encara — Ao menos uma explicação.

— Você não me deve nada. — ergo as sobrancelhas — Eu nem conheço você.

Ela respira fundo e encara Queenie, que faz um sinal para que ela continue. Verônica fica em silêncio, emocionada, observando a cena.

— Eu adoraria falar que me lembro dos nossos últimos dias juntas, mas eu estava bêbada demais pra isso. — ela continua a história — E eu saí do trailer quando você completou um ano. Depois disso, eu passei a aparecer esporadicamente, de noite, mas você estava dormindo. Tinha uma polaroid minha no colchão que você dormia.

— Pilar, eu não quero ouvir. — me nego de novo e sinto Jakob se aproximar de mim, no sofá, me abraçando de lado

— Um dia, quando eu voltei, você não estava lá e o seu pai disse que tinha te deixado com a Leda. — continua — Eu disse que ele fez o certo. Seis meses depois, ele faleceu e eu fui internada numa clínica de reabilitação. Assim como você, eu tive alguém que me deu uma opção e eu pude começar a trabalhar com o que eu trabalho hoje.

— Assim como eu? — a olho enojada — Eu não tive opção. Ou era a polícia, ou a cadeia. E eu não tinha cometido crime nenhum.

— Certo. — murmura

— Certo? — ergo uma sobrancelha — Ok, vamos falar do que é certo. Você acha certo vir aqui e despejar essa merda na minha cabeça, depois de ter ficado fora da minha vida por trinta e nove anos?

— Trinta e sete. — diz o tempo exato

— Ah, me desculpe, trinta e sete. — me corrijo — Fez muita diferença, não é mesmo?

— Eu só queria que você soubesse quem eu realmente sou, não queria mentir pra você.

— E por que você só apareceu agora? — a encaro — Eu faço merda desde os dezoito anos, eu quase fui presa injustamente várias vezes, eu perdi o meu emprego no FBI, o Owen sumiu com a minha melhor amiga, eu estive à beira da morte e você só aparece agora?

Redenção - Jakob TorettoOnde histórias criam vida. Descubra agora