No futebol, um gol de placa é um gol muito bonito, considerado merecedor de uma placa ou homenagem a quem fez o gol.
No amor, um gol de placa é aquele marcado por alguém que, entre erros e acertos, acerta um cabeceio, encobrindo o goleiro e virando...
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BARCELONA — UM ANO ATRÁS
O barulho irritante dos tênis de Lana retumbava ao longo do corredor. Se a garota estivesse tentando não chamar a atenção, já teria acabado com tudo logo de início. Era um tec tec que grudava na cabeça, anunciando em um ritmo constante que algo estava acontecendo. Algo muito importante estava acontecendo.
Alguns dos jogadores na academia prestaram atenção na menina enquanto corria em direção a última sala do corredor — aquela com o nome Trevissan na plaquinha de identificação, alta e branca, destoando das demais. Nenhum deles parecia de fato se importar. Era uma cena comum ver a filha do fisioterapeuta por ali inúmeras vezes. Entretanto, não era comum que ela estivesse correndo, sem se importar com eles.
A maioria dos futebolistas do Barcelona conheciam Lana há muito tempo; a garota estava sempre na cola do pai, com olhos curiosos e sorriso tímido, coexistindo com todos eles desde muito pequena. Quando criança, Leo Messi era quem chamava a atenção dela. Ele era engraçado e gentil, deixava com que ela brincasse com os filhos dele e seu irmão, Jonathan, o chamava de tio, como se fosse parte da família. Era assim que o jogador argentino fazia com que se sentissem, como parte da família.
No entanto, os novos jogadores não eram tão interessantes quanto Messi era. Lana já não era mais uma criança e não se escondia na sombra do pai como antes. A maioria deles tinham idades próximas a dela e a garota tinha noção de como meninos como eles poderiam ser impertinentes.
Eles a intimidavam boa parte do tempo, como se fossem deuses ou bestas dentro da gaiola que era o Centro de Treinamentos do Barcelona. Sempre que esbarrava com alguns dos rapazes, acabava fazendo de tudo para manter as interações o mais impessoais possíveis. Eram cumprimentos rápidos e glaciais, poucos sorrisos e poucas palavras. Ela sabia que alguns dos garotos a chamavam, carinhosamente como Jonathan gostava de lembrar, de Rainha de Gelo, mas não se importava de se manter distante deles. Tudo de que ela não precisava era de problemas com o elenco do clube que o pai trabalhava e se eles a temiam de alguma forma ou a viam como alguém inalcançável, melhor.
Não que o pai se importasse. Quando ela estava ao redor dele, seguindo os treinos dos jogadores, gostava de dizer a todos como estava orgulhoso da filha mais nova. Jonathan havia passado pelo mesmo antes de se mudar para Manchester há dois anos. A diferença era que Jonathan não era tímido e nem uma garota. Ele gostava de se divertir com todas aquelas pessoas e Lana gostava de ficar nas arquibancadas, apenas observando a vida passar dentro do clube.
Quando a academia ficou para trás, os jogadores também ficaram. Nenhum deles parou para perguntar o que ela estava fazendo. No fim das contas, todos sabiam que Lana Trevissan não estaria ali se não precisasse estar. E pela euforia que a seguia pelo caminho, parecia uma boa notícia que a levava até a sala do pai com tanto fervor.
Ela correu como um foguete, mal conseguindo distinguir quem estava no corredor com ela. Quanto mais corria, mais longe sentia que o destino parecia estar. A folha na mão começava a umedecer devido ao suor nas palmas. Estava quente, um calor infernal por toda Catalunha, mas a corrida do estacionamento até ali cobrava seu preço também.