Capítulo 8

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Observei as gotas violentas de chuva que desciam do céu. Que belo dia para abrir a floricultura em.

A porta de vidro me dava uma bela visão do lado de fora. O som abafado da chuva era reconfortante e me causava até uma certa melancolia.

Avistei um casal correndo de mãos dadas na chuva, a euforia as tomavam e elas sorriam enquanto quase caíam. Eram duas garotas, aparentemente muito apaixonadas.

Senti um vazio em meu coração. Amor adolescente, tão cheio de promessas e sonhos. Poucos duravam pra sempre.

Louis é Cassidy foi um daqueles casos raros, de jovens que se apaixonam na adolescência e tem um relacionamento duradouro. Eu acompanhei boa parte desse romance. Meu maior sonho era ter o que Louis teve.

Um doce e intenso romance adolescente.

Eu não vivi isso na adolescência e provavelmente não vou viver agora, na vida adulta.

Caminhei até a caixa de som que ficava perto do balcão e a conectei com o meu celular pelo bluetooth. Coloquei West Coast, da Lana Del Rey para tocar.

Me encostei no balcão e fechei os olhos, aproveitando a música e som de chuva no fundo.

Mas como sempre, não consegui me manter quieta por muito tempo. Meus pensamentos estavam a mil e lembranças não tão boas me atingiam.

As vezes, quando conseguia ficar quieta e refletir por um instante, eu não conseguia evitar os pensamentos sobre o meu pai.

Seu olhar de reprovação, aquele que ele sempre fazia questão de me dar durante o jantar. Suas palavras duras que me feriam, as humilhações que ele não fazia questão de esconder. Lewis Theodore nunca me considerou sua filha, realmente. Talvez nos meus primeiros anos de vida, ele tenha me dado amor... eu nunca vou conseguir me lembrar de uma palavra orgulhosa ou cheia de carinho saindo de sua boca. Toda a sua atenção e admiração era de Louis.

Apesar de tudo isso, eu gostaria de ter tido mais tempo. Gostaria de ter dito que o amava e que sempre o amaria, não importava quantas vezes ele me machucasse ou insistisse em me ignorar. Eu o amaria e sentiria sua falta pra sempre. Ele era o meu pai, sua presença silenciosa ao meu lado, me fazia me sentir menos vazia, mesmo que suas palavras me cortassem como uma lâmina afiada. Era tão bom quando ele se sentava do meu lado no sofá, e não dizia nada sobre mim, apenas assistia o seu progama na TV e depois saía em silêncio. Eu me sentia de certa forma, "menos defeituosa".

Eu gostaria de ter tido mais tempo. Mas no final, não consegui o perdoar.

Eu não conseguia me libertar disso... isso me desgastava.

Eu estava prestes a ter uma crise de ansiedade.

De repente, senti uma mão em meu ombro e abri os olhos em um pulo. Que susto do caramba!

— Louisa? Você tá bem?

Será que eu estava tendo alucinações?

Eu demorei um bom tempo pra conseguir processar tudo. Andrew estava na minha frente, com seus lindos olhos azuis perplexos. Ele usava uma camiseta preta que estava levemente molhada pelos pingos de chuva.

— Andrew... — Murmurei baixinho.

— Oi? — Ele perguntou calmo, enquanto me olhava ainda confuso.

Balancei a cabeça e tentei me recompor.

— O que você está fazendo aqui? — Tentei soar calma e educada, mas não podia negar que estava muito surpresa naquele momento.

Ele levantou as sobrancelhas e colocou as mãos na cintura.

— Eu compro flores aqui — Um pequeno sorriso de lado tomou sua face. — Que surpresa boa vê-la aqui.

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