Capítulo 13

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Meus joelhos estavam estourados.

Não pareciam mais simples ralados, os cortes sangravam deixando a aparência deles muito piores do que realmente estavam.

Eu estava sozinha naquela cabine do banheiro, mais uma vez. Eu abraçava meu corpo fino e chorava enquanto esperava que alguém pudesse me procurar e me ajudar ali.

Não era a primeira vez que eu era agredida por Joshua, mas dessa vez havia passado dos limites.

Louis, Cassie, Florence e Miranda não estavam aqui, eles haviam acabado de sair para um acampamento.

Eu tava tão assustada.

Eu odiava tanto educação física, tanto pelas roupas que tínhamos que usar, quanto por simplesmente permitirem que os garotos jogassem do outro lado da quadra, enquando tínhamos que fazer exercícios ridículos.

Funguei enquanto evitava olhar para o sangue que escorria dos meus joelhos.

— Louisa?

Arregalei os olhos com a voz que me chamou, despertando minha atenção. O que mais me deixou surpresa, foi o fato de que era uma voz masculina.

E não era uma voz qualquer, eu reconheceria ela onde quer que fosse.

Me levantei com dificuldade, abrindo a pequena porta da cabine.

Seus olhos azuis me olhavam com tanta preocupação e ternura, de uma forma que eu nunca havia visto antes. Ele já havia me protegido uma vez de Joshua, mas nunca havia me olhado daquela forma.

Seus olhos desceram para os meus joelhos e depois voltaram para o meu rosto vermelho.

— Foi ele. — Constatou, seus olhos que antes estavam ternos, agora se enchiam de fúria.

Funguei e concordei com a cabeça, passando a costa das mãos nos meus olhos.

Eu sabia que se ele saísse do banheiro naquele momento, provavelmente acabaria com Joshua e seria expulso da escola. Eu não podia deixar isso acontecer, por mais que eu odiasse Joshua naquele momento, eu não queria que ninguém mais se prejudicasse por minha causa.

Andrew ia se virar pra sair do banheiro, mas eu segurei seu braço com minhas duas mãos.

— N-não sai, p-p-por favor — Pedi baixinho, o fitando enquanto seus olhos saíam das minhas e subiam lentamente até o meu rosto. — Fica aqui comigo, por favor, eu não a-a-aguento mais ficar sozinha.

Andrew hesitou por um segundo, mas logo sua respiração relaxou e ele ficou por um momento parado, olhando para mim de uma forma que eu não conseguia decifrar.

Soltei seu braço e me afastei um pouco dele.

— Tá doendo muito? — Ele perguntou em um sussurro.

Assenti, sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha.

Eu era patética.

— Senta na pia. — Ele pediu, me deixando confusa em um primeiro momento.

Fiz o que Andrew pediu rapidamente, apesar das pias serem um pouco altas, eu também era alta para minha idade.

Ele não devia estar no banheiro feminino, mas aparentemente não tinha nenhuma alma viva naquele horário por ali.

— Co-como você sa-sabia que eu estava aqui? — Perguntei entre soluços, tentando o meu máximo para não gaguejar.

Andrew me surpreendeu ao rasgar um pedaço da sua camiseta cinza surrada. Observei atentamente enquanto suas mãos grandes abriam uma das torneiras da pia e molhavam o pano.

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