Capítulo 6 - Decisões arriscadas

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Tudo que ela queria fazer era gritar pelo Jason, pedir para que ele parasse com aquilo e correr em direção a ele.

Mas sua voz estava entalada em sua garganta.

Seus pés presos no chão.

Ela não era nada mais do que uma mera espectadora da situação, ela via perante  ela um monstro que devia ser parado, mas quem seria capaz de impedi-lo?

Uma criança estava deitada no chão, humilhada e desamparada contra um garoto mais velho e maior que ele. E mesmo assim, mesmo vendo uma cena assim diante dela Clara era incapaz de se mexer.

- "O que é isso aqui?" – Jason perguntou indignado, tirando algumas notas de dinheiro da bolsa do menino. Ele deu uma boa olhada no dinheiro e encarou o menino com maus olhos.

- "Esse dinheiro não é meu" – Os olhos do menino já começaram a encher de lagrimas, seu desespero começava a transparecer em seu rosto.

- "Não mesmo, isso é meu agora." – Ele falou já botando todo o dinheiro em seu bolso.

- "Por favor pare! A mamãe vai brigar comigo."

A voz tremula do garoto, trouxe uma lagrima de tristeza para Clara, ela não podia deixar isso passar.

Ela só tinha que dar um passo, um passo à frente e parar com tudo isso. Mas por que ela ainda hesitava? Por que seus pés pesavam tanto e palavras estavam presas dentro da sua boca?

Clara, quieta e imóvel, viu Jason indo diretamente para o menino mais uma vez.

Ele levantou o menino pela gola e esbravejou.

- "Sua mamãezinha não te ensinou que mentir é feio?"

Ela não queria que a cena do banheiro se repetisse, ela podia bater nele se ela quisesse, mas... ela não gostava de brigas, de fato ela evitava sempre que possível. E Jason carregava uma faca com ele.

Ela pode não ter sido esfaqueada no banheiro, mas se ele quisesse fazer algo contra ela dessa vez, talvez ela não tivesse essa sorte de novo naquele beco.

- "Ta olhando o que?!"

Clara foi surpreendida ao perceber que foi notada pelo Jason e a criança.

Jason interrompeu a pancadaria para dirigir toda sua atenção para Clara. O outro menino, que estava sendo pendurado pela sua gola da camisa, a olhava de boca aberta. Ela não respondeu e ficou em choque. Os dois esperavam uma reação dela.

Ela estava diante de uma situação difícil, e ninguém iria aparecer para salva-la. Tudo que ela queria era que o Nather aparecesse, desse uma surra no Jason e fosse o herói do dia.

Mas a realidade tende a ser cruel, não existem heróis.

Na verdade, o único que podia fazer esse papel de herói naquele momento, era ela.

E mais ninguém iria ajudar senão ela.

Ela cerrou seus punhos e engoliu o medo goela abaixo, até que ela finalmente criou a coragem para falar.

- "Deix- Deixa ele" – As palavras não saíram tão bem quanto ela estava imaginando em sua mente. Sua voz deu uma desafinada, ela errou a pronuncia da frase, e ela acabou não soando de forma tão heroica e confiante como ela queria.

Suas mãos voltaram a tremer novamente, a ponto dela se perguntar se defender uma criança qualquer em um beco isolado fosse uma boa ideia.

Jason sorriu para ela, um sorriso como se estivesse debochando dela. Ele soltou o menino, que deu um gemido de dor ao cair no chão. Jason foi em direção a ela.

O Crepúsculo de KahnwaldOnde histórias criam vida. Descubra agora