Capítulo 17 - Submissos

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Clara escaneou o ao redor da padaria.

Nenhuma câmera.

Nem mesmo um engraçadinho escondido... Na verdade, a padaria estava muito tranquila naquele dia. Sem nenhum cliente ate.

Clara tomou um momento para respirar e processar tudo que aconteceu. Se escorando em uma das prateleiras. 

Por que ela recusou o convite ? Na verdade, ela estaria mentindo se dissesse que não queria sair com ele. Mas foi tanta informação de uma só vez que ela se sentiu sobrecarregada, e no momento a única resposta plausível foi um não instantâneo.

Era óbvio que ela queria... mas tudo pareceu tão fácil... que a rejeição foi quase que automática. Não tinha emoção... Mesmo que ela tivesse passado tantas noites pensando nele. 

Mas com a Ellen fora do caminho,

E agora o príncipe encantado chamando logo a Clara para sair,

Quem sabe quando ela teria outra oportunidade assim ?

Porém, algo não parecia nem um pouco certo, até mesmo no calor do momento, Clara sentiu-se desconfiada de algo.

Nather estava quase que certo que a Ellen morreu, e pareceu um pouco abalado, obviamente... Mas não o suficiente. Ele seguiu em frente muito rápido e não hesitou em chamar a Clara pra um encontro.

Aquilo tudo parecia demais pra ser verdade. 

O que ele viu nela? Era a única questão que assombrava Clara.

Esse questionamento continuou a atormentar todo o turno de Clara... Tanto que uma questão de horas de trabalho se passou em minutos na sua mente, e quando ela percebeu... já era o fim do seu turno.

A clientela realmente estava fraca, ela pode contar nos dedos quantas pessoas ela viu entrar e sair da padaria. 

Ela suspirou.... tirou o chapéu de sua cabeça e entrou na cozinha, onde seu pai terminava de lavar algumas panelas. Nenhuma palavra foi trocada... nem mesmo da parte de Clara. Talvez fosse melhor assim.

Ainda era difícil de olhar para ele. A culpa do dia anterior pesava demais em Clara... E ela estava recebendo o tratamento do silencio desde aquela manhã. Ela guardou seu uniforme no armário da cozinha e pegou sua mochila para sair do trabalho.

Contudo, assim que Clara ia deixar a cozinha para trás, a voz do seu pai a freou no meio do caminho. O enxaguar da pia quase afogando suas palavras.

- "Me desculpa Clara... eu não pude fazer nada..."

Clara se manteu de costas... esperando os lamentos do seu pai. Ela abaixou a cabeça, se mantendo em silencio pra ouvi-lo.

- "Eu nunca deixaria um homem como o oficial tratar o meu pudimzinho assim... mas eu não tive escolha... Eu sou apenas um padeiro."

Clara retorceu seu pescoço, cerrilhando seu maxilar, e se retirou da cozinha em passos furiosos sem falar uma palavra.

A ideia do seu próprio pai se apequenar para aquele oficial alcoólatra era revoltante. Ela odiava a fraqueza... e por muito tempo ela se perguntou por que ela sempre foi assim, mas hoje, ela descobriu o motivo.

Seu pai era um cão submisso que se curvava sobre a vontade dos outros. E infelizmente, Clara puxou esse defeito na genética.

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O relógio do salão marcava 6:30 da noite quando Clara chegou.

Obviamente a sua mãe estaria de volta do seu trabalho em poucos minutos.... O que era uma pena... pois Clara preferia a quietude da casa depois de voltar da escola. Mas agora que ela começou a trabalhar e voltar mais tarde, ver a sua mãe seria rotineiro agora.

O Crepúsculo de KahnwaldOnde histórias criam vida. Descubra agora