- E aí?
- Huh?
- Onde que fica o banheiro desse lugar?
Clara apontou pra direção do banheiro e Eriksen desfilou até lá em passos firmes e confiantes.
Ele entrou pela porta errada, não era a do banheiro. Clara até tentou avisar, mas ela tinha outras preocupações para lidar naquele momento.
Ela escutou risadas vindo do lado de fora. Nather e as meninas estavam sentados, elas riam e conversavam na maior naturalidade.
O suor congelou em sua pele, Clara pôde sentir cada batida do seu coração no peito.
As pernas de Clara tremiam a ponto de fraquejar só de ver as meninas que infernizaram os três meses da sua vida na escola. Ela não tinha forcas para seguir, ela sentia que não iria aguentar.
Várias situações e realidades diferentes se passaram em sua cabeça. Sua mente e seu corpo gritavam para tirar aquele uniforme ridículo, correr fora pegar a bicicleta e ir embora o mais rápido possível. O medo e a instinto de fugir tomaram conta de cada partícula da sua existência, e ela estava pronta a deixar tudo para trás.
Por outro lado, Nather estava quieto no seu canto. Mesmo perto delas, ele parecia distante de alguma forma. Sua beleza etérea era quase que sobrenatural. Seus olhos meio azulados e verdes vislumbravam o nirvana, tão hipnotizante que um simples olhar relaxava qualquer pessoa.
Diferente das meninas, Nather Frankfurt era o seu ponto seguro, a presença dele por si só fazia se sentir capaz de tudo. Então, Clara engoliu o medo e inalou a coragem para ir atendê-los. Ela pisou firme no chão, e foi para fora.
Ela ia enfrentá-las e ganhar.
......
Enquanto isso no terraço da padaria, as meninas estavam no meio de uma conversa, a luz do dia ainda escaldava e batia firme na tenda acima delas. Nather se sentava mais próximo do corrimão que dava para rua. Havia uma cadeira vaga do seu lado direito, muito provavelmente pertencente a Eriksen.
Nather olhava contemplativo para o lado, seu rosto descansava em sua mão, ele não parecia interessado em participar da conversa que ocorria do seu lado.
Sentada a esquerda de Nather, Natalie falava em um tom alto e incrédulo.
- "Sério? Que virgem sem noção !" – Ela tinha o péssimo habito de falar sempre tão alto e, de forma grosseira.
Daniela, que estava ao lado de Natalie, explicava a fofoca. Suas amigas eram tao lindas que Daniela sempre pareceu ser a mais mediana do grupo
- "E ele falou que quando ele estivesse sozinho com a Maya, ele ia 'dar uma lapada nela' "
Maya, sentava em uma coluna reta, digna de uma modelo. Sempre desligada ao seu redor.
- "O que é lapada mesmo ? Ele quer me bater ?" - Em contraste com a sua aparência mais madura, Maya tinha uma voz adocicada e quase que inocente.
- "Acho que é no outro sentido."
-"Mas eu nem conheço ele." – Maya falou com um toque de desdém em sua voz mansa.
Natalie suspirou - "Hmf... não me surpreende nem um pouco. Tinha que ser amigo do Eriksen. Sério por que ele ainda fica enturmando com nerdola?" - Natalie se virou para sua direita e encostou no braço de Nather – "O que você acha disso Nather ?"
Nather, que parecia estar distraído até então, se virou para Natalie.
- "Desculpa, acho que me perdi um pouco na conversa."
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O Crepúsculo de Kahnwald
Fiksi RemajaClara Kahnwald é uma garota de 16 anos que se muda para Austria e tem dificuldade de se socializar na escola nova. Clara não era especial e era invisível para maioria das pessoas; Ela queria ser como Ellen Tiedemann. A patricinha popular, linda, ma...