Capítulo 22 - Novas pistas

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Por menor que seja o custo, mentiras sempre têm prazo de validade. É por isso que o preço da verdade é caro. 

Por que ela é valiosa. Nunca esqueça disso, Hoffman.

Era o que seu pai sempre dizia

O corredor da delegacia parecia se estender. A luz pálida refletia a sombra do seu arrependimento nas paredes... A chuva fria da noite batia cada vez mais forte pela janela do segundo andar. 

Seus sapatos encharcados afundavam a cada passo no chão da delegacia. Direto apenas para um destino. O escritório do delegado. 

Varias portas alinharam ao longo do corredor. Era tarde. Talvez próximo da meia noite. Pilhas de documentos sobre mesas podiam ser vistas por trás de algumas das portas entreabertas.

Seu emprego estava correndo perigo. Hoffman sabia disso.

O que seria de Sophia ?

E Thomas ?

É o preço da honestidade. Ele pensou. Mas será que realmente foi uma boa ideia abandonar a Hellmon e negar suas ordens em prol da mesma ordem que ele servia ?

Não só ele fugiu de seu dever, agora ele voltava de mãos vazias, sem as evidencias pedidas por Tiedemann.

Dar uma desculpa ou falar o que realmente havia acontecido ?

Talvez.

Ele não sabia.

Tudo que ele sabia, era que caminhava para sua punição.

Cada pensamento apertava seu pulmão. Seu corpo ansiava uma coisa. Apenas uma. Hoffman enfiou as mãos dentro de seu bolso, procurando sua pastilha de nicotina.

Uma pastilha, duas pastilhas. Em seguida, três pastilhas. Hoffman fechou os olhos por um momento e exalou pelo nariz. Sentindo o sabor dissolver lentamente em sua lingua. A nicotina descendo em seus pulmões e relaxando seu aperto.

O oficial Tiedemann não aceitaria facilmente o que ele tinha para dizer. Mas Hoffman precisava expressar suas desconfianças quanto as origens desconhecidas do BEP. Em menos de um dia que chegou, Hellmon ja fazia o que bem entendia. Como se a cidade a pertencesse. Mas era uma estrangeira a qual não pertencia a Wolfsberg.

E a figura do prisioneiro recente, que fora trazido junto ela, apenas acrescentava dúvidas. Aquelas cicatrizes, os olhos costurados e aquele aparelho tecnológico estranho preso a nuca cobrindo metade do rosto, continuavam a assombrar Hoffman. 

Não parecia um detento comum. Não, não mesmo. Parecia um refém. E a teoria mórbida de que talvez fosse uma cobaia permeava sua mente. Mas cobaia do que exatamente ?? 

Não há outra saída. Tiedemann vai estranhar eu voltar tão cedo sem evidencias. Vou ter que falar a verdade. 

Caso ele fosse demitido por que o Tiedemann não gostou da verdade, então Hoffman iria falar tudo e mais um pouco. Ele iria denunciar e investigar o BEP a fundo por si mesmo. Mas não antes de jogar a verdade nua e crua para o delgado.

Um Cachaceiro. Corrupto. Capacho. Um imprestável com bafo de leão. Uma vergonha para Ellen e toda a cidade.  E por fim iria abaixar suas calças e mostrar seu traseiro antes de sair.

Obviamente todas essas imaginações eram exageradas. Mas traçar cenários comicamente pessimistas para rir delas era o que sempre preparava a sua mente para o pior.

Bom... seria uma saída e tanto. 

Mas essas questões eram secundarias, diante das principais. 

O Crepúsculo de KahnwaldOnde histórias criam vida. Descubra agora