Wednesday

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O dia havia amanhecido cinza escuro, um dia perfeito na minha perspectiva. As nuvens ameaçavam deixar as gotas de água caírem violentamente sobre a cidade de New Jersey, onde eu estava, na nossa casa, na casa da família Addams.

Os últimos dias tinham sido bastante tediosos com o feioso todo os dias me querendo por perto alegando ter ficado com muita saudade, mesmo que eu já tenha lhe dito que isso é uma fraqueza, não podia negar que sentia saudade de Nunca Mais. Na verdade, estava negando sim.

— Minha viborazinha, sua mãe está lhe esperando para mais uma sessão de treinamento! — meu pai falou atrás de mim.

Virei me para olha lo e apenas segui meu caminho até o cômodo onde eu e minha mãe estávamos ficando maior parte do tempo juntas. Ela estava me ensinando a controlar minhas visões psíquicas e até que eu estava gostando de te la por perto.

— Então, minha pequena guilhotina, você irá voltar para Nunca Mais? — perguntou, mais uma vez, insistindo em receber um 'sim'.

— Não irá parar de perguntar até que eu diga que sim, certo? — perguntei.

— Exato. — ela respondeu com seu sorriso de segundas intenções, não conseguia esconder sua felicidade.

— Sim, mãe. — respondi, me dando por vencida.

— Ótimo! — ela sorriu ainda mais. — Mãozinha, faça as malas da Wandinha! — ordenou ao Mãozinha, que rapidamente dedilhou para fora do cômodo com a mesma felicidade que minha mãe. Ele sentia falta de Enid.

Nosso treinamento começou logo em seguida e como sempre, tive êxito em todas as tarefas que minha mãe ordenou. Eram coisas fáceis como prever algumas coisas que pai ou meu irmão fariam. Assim que acabou, minha mãe me informou que este era o último que teríamos, que eu aproveitasse a última semana antes que fosse para Nunca Mais.

Me direcionei para o meu quarto e lá estava o Mãozinha organizando as minhas roupas pretas e o que mais me chamou atenção foi que ele tinha colocado o celular, que Xavier me deu, para carregar. Propositalmente eu o deixei descarregar e desde então não mexi mais.

— O que pensa que está fazendo? — perguntei ao me aproximar.

Mãozinha apenas parou de guardar minhas roupas e fez sinais com dedos dizendo que eu deveria responder as mensagens que provavelmente tem para mim.

— Não irei fazer isso, não e serei escrava da tecnologia. — respondi. — Se queriam conversar comigo, que tivessem mandado cartas ou vindo até aqui. — completei.

Mãozinha fez mais sinais dizendo que eu deveria ser mais gentil e socializar com quem se importava comigo e incluía Xavier Thorpe.

— Me recuso a responder qualquer mensagem do Xavier, eu o verei em Nunca Mais. — respondi indo me sentar de frente a minha máquina de escrever.

Mãozinha dedilhou atrás de mim e logo subiu na mesa, fazendo mais sinais e dessa vez um pouco mais altos, demonstrando que estava decepcionado comigo. Com seus sinais, falou que eu deveria dar uma chance de confiar nas pessoas, de ter relações e que isso não significaria que seria como minha mae, que poderia ter amizades e família e ser uma escritora famosa ou trabalhar no lugar do xerife de Jericho, ou qualquer outra cidade.

Por mais que seja verdade, eu não quero ser igual minha mãe, quero ter meu próprio caminho e não poderei pular alguns obstáculos que são leis da natureza, como por exemplo o amor, que na minha idade é onde ele mais floresce e cresce como uma planta trepadeira, que se alastra rapidamente.

— O amor é algo inútil para mim. — falei após um tempo pensando. — Mas pensarei em deixar ter raizes minha relação com a Enid.

Mãozinha pareceu feliz, mas não satisfeito com minha resposta.