Wednesday

23

Eu não sabia o que eu estava fazendo, mas sabia o quanto eu precisava fazer aquilo. Eu sempre coloquei em minha cabeça que o amor era uma fraqueza, que eu nunca me casaria ou teria filhos, mas depois daquela visão onde mostrou que eu não teria escapatória e amaria apenas uma pessoa em toda minha vida e depois a visão onde eu o vi ser destroçado e não pude fazer nada, começaram a mudar algumas coisas na cabeça. Mas só algumas coisas, como por exemplo: eu tomei a iniciativa de beijar Xavier.

— Me desculpe! — falei assim que me afastei e o vi em silêncio e surpreso com minha atitude.

— Não, não... — ele falou antes que eu pudesse ir embora. — Eu não esperava isso de você! — sorriu sem jeito. — Realmente pensei que eu lutaria mais um pouco para ter você! — passou a mão nos seus fios de cabelo, puxando os para trás. Estavam presos. — Mas está tudo bem? — seu sorriso sumiu dando espaço para uma expressão preocupada. — O que te fez mudar de ideia? Foi a sua visão?

— Eu não irei permitir que você morra, Xavier, não se preocupe!

— Eu sei que você não vai permitir que nada aconteça com nenhum de nós, mas eu quero saber se você está bem? — além da sua expressão preocupada, o tom da sua voz também soou com preocupação. — Eu sei que isso é difícil para você, principalmente depois do que aconteceu com o Tyler e então pode contar se quiser realmente estar comigo e ir com calma ou se também não quiser, é só falar.

— Posso ter mudado de ideia sobre algumas coisas em relação a minha vida no futuro e eu espero que eu não me arrependa. — sorri, ou tentei sorrir, mesmo que esse momento não fosse um daqueles momentos de tortura que me fazem realmente sorrir.

Xavier sorriu com minhas palavras. Ao contrário de Tyler ou Enid, ele parecia entender e eu não precisava ter que procurar palavras mais simples para explicar algo, era como se eu pudesse falar do meu jeito de sempre e esse sentimento de aceitação me passou uma sensação estranhamente boa pelo meu corpo.

— Posso te abraçar? — ele perguntou sem jeito um pouco receoso.

Eu o olhei nos olhos, um abraço era algo que eu detestava demais, muito contato físico e o único que eu permitia se aproximar era o meu irmão, mesmo que meus pais fizessem, apenas meu irmão tinha meu consentimento. Mas desde o último semestre, muita coisa mudou e talvez eu devesse me entregar a mudança e entregar a novas aventuras, pois sou eu quem decido meu futuro e decido o que será útil ou não.

Assenti. Os braços de Xavier logo me envolveram em um abraço aconchegante, nem tão solto, mas também nem tão apertado, era como se meu corpo pedisse por aquele contato físico e relaxasse ao finalmente tê-lo.

— Eu prometo que não vou machucar você! — ele sussurrou entre os fios do meu cabelo e depositou um beijo ali, no topo da minha cabeça.