o seu tempo está acabando, Louise

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— Deve ter sido o barbudo de antes. -Digo para Wednesday e Mãozinha ao não ver nada.

Mas então o monstro aparece, e devido ao susto, eu caio no chão.

— Puta que pariu! Caralho. Cacete. Bosta. Nossa senhora, acho que to tendo um ataque cardíaco.

Wen me olha e revira os olhos antes de me ajudar a levantar.

— Vamos! -Ela diz e eu começo a segui-la pela floresta.

A garota se abaixa olhando para as pegadas do monstro, me fazendo perceber que elas iam de monstro para humanas.

— O monstro é humano. -Eu digo.

— Que diabos estão fazendo? -Xavier pergunta, me assustando novamente.

— Mais que caralho. Hoje é dia, né?

— Seguindo o monstro. -Wednesday responde.

— Você o viu? Aqui? Vocês querem morrer?

— O que está fazendo aqui? -A garota questiona desconfiada.

— Ouvi falar que iam olhar o antigo templo. Cheguei na hora certa.

— Eu descobri uma coisa. -Ela diz e eu forço uma tosse.- Nós descobrimos uma coisa.

— Obrigada.

— O monstro é humano. -Ela volta a falar.- Suas pegadas passaram de monstro a humano.

— Me mostra. -Ele pede.

Porém, como em um passe de mágica, elas haviam desaparecido.

— A chuva as apagou. -Digo enquanto olhávamos para o chão. E Xavier solta uma risada.

— Eu sei o que eu vi. -Wen diz.

— Estou tentando acreditar.

— Que fofo!

— Acho que está certa sobre o Rowan.

Os dois começam a conversar como um casal, enquanto dividem um guarda-chuva e fazem eu me molhar.

Eu acabo desistindo de tentar acompanhá-los e volto silenciosamente para a cidade.

No meio do caminho, a mesma sensação se faz presente. Mas dessa vez, eu vejo uma menina com um vestido branco e cabelos ondulados.

— Eu não acredito que vou fazer isso. -Digo ao começar a seguir a garota.

Ela me chama para mais perto com seus pequenos dedos, e quando me abaixo para ficar da sua altura ela sussurra em meu ouvido.

— Você está em perigo. Tem que me encontrar e deixar eu te ajudar. O seu tempo está acabando, Louise.

— O quê? O que isso quer dizer?

— Você tem que correr. Se não me encontrar a tempo, será tarde demais.

— Quem é você?

— Eu sou a Bella. Pergunte á sua mãe sobre mim.

E então, uma magia roxa sai da palma da mão da garota, e de repente borboletas voam ao nosso redor.

— Uau.

— Louise, você não está explorando o seu potencial. E se não explora-lo, não sobreviverá por muito mais tempo.

— Como eu faço isso? -Pergunto e vejo ela  apontar para o seu ouvido, me fazendo chegar mais perto.

— A biblioteca Beladona te dará algumas das respostas que procura.

Mas depois disso, a chuva passa e a garota some.

Eu me sento do lado de Enid quando o prefeito começa a falar.

— Quer dizer, eu sei que o Xavier é bonito. Mas precisavam ficar me deixando de vela? Aliás, eu que estava com ela, não ele. -Eu desabafo, percebendo que o assunto me incomodava mais do que deveria.

— Está com ciúmes do Xavier?

— O quê? Não! Credo. Ele já é passado.

— Então é da Wednesday? Gosta dela?

— Vai começar, Enid. -Digo me referindo a banda

— Eu sabia! Isso não acaba aqui.

A banda começa a tocar e penso em como Enid pode sugerir que eu goste da Addams.

Mas penso também na garotinha. E em tudo que ela me disse.

Quando a fonte é ligada, todos aplaudimos, mas logo vejo uma explosão na estátua, e reparo que Addams começa a tocar cada vez mais rápido.

Saio apressadamente do local e vejo o pânico na cidade.

De noite, passo no quarto de Enid e Wednesday após um convite da primeira.

— Exagerada? -Ela pergunta para mim e Wen enquanto segurava uma blusa em suas mãos.

— Acho que você me cegou, Enid. -A garota com tranças diz e eu concordo.

— Mais que exagerada.

— Estou tão feliz que vou encontrar com Ajax hoje. Vai me distrair do desastre desta tarde. Acho que estou com estresse pós traumático. Eu nem pude fazer meu número de dança. Que tragédia. Que tipo de psicopata sabotaria um evento tão positivo?

— Você vai se atrasar. -Eu mudo de assunto.

— Me desejem sorte.

— Se ele partir seu coração, eu pico o dele. -Wednesday diz e a loira sai do quarto.

— Fofa.

— Por que sumiu na floresta?

— Não queria atrapalhar você e Xavier.

— O quê? Você nunca atrapalharia.

— Então, já que não consegue acabar com Crackstone em carne e osso, decidiu acabar com a estátua dele?

— Não sei do que está falando.

— Boa noite, Addams. -Eu digo antes da sair do quarto.

Decido ir até um lugar para tentar obter respostas.

Entro na biblioteca Beladona e escuto um barulho.

— Olá? -Chamo, mas ninguém responde.- Se eu encontrar alguém pelado aqui eu não respondo por mim.

Começo a procurar alguns livros, mas era impossível quando eu não sabia nem o que estava procurando.

— Tá bom. Vamos ver. O que é que eu procuro aqui?

E então me lembro que Bella me falou da minha mãe, e decido procurar o seu diário.

Minha mãe era estudante de Nevermore e membro da Beladona. Morgana sempre me contou que escreveu um diário com seus maiores ensinamentos, e o escondeu nas prateleiras da biblioteca, pensando que poderia ajudar alguém.

Talvez esse alguém seja eu.

Depois do que imagino ser trinta minutos, encontro um caderno marrom com o sol e a lua em sua capa.

— Isso é a cara dela.

O caderno possuía uma fita, mantendo-o fechado. Quando tiro a mesma, percebo de imediato a caligrafia de minha mãe.

— "Vivido e escrito por Morgana Dalton". Achei você.

Fecho o diário e subo as escadas correndo, esbarrando em Xavier no meio do caminho de volta ao meu quarto.

— Desculpa! -Ele diz ao ver que era eu, e pega o diário do chão, me entregando em seguida. 

— Tudo bem. Boa noite.

Passo a noite em claro, mas mesmo assim não obtenho sucesso em terminar de ler os relatos presentes.

A minha mente estava uma bagunça, e eu iria organiza-la.

LISTEN BEFORE I GO-Wednesday AddamsOnde histórias criam vida. Descubra agora