o que acha que essas pessoas fazem?

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— O que faz aqui? -Pergunto ao ver Wednesday parada.

— O meu pai foi acusado de um homicídio que aconteceu aqui.

— Nossa. Ansiosa para vê-los? A sua família?

— Não. E você?

— Não sei. Estou com um mal pressentimento sobre essa tarde.

— Nevermore foi criada como santuário para nossas crianças aprenderem e crescerem, sem importar quem ou o que são. -A diretora Weems diz e todos aplaudem.- Sei que ficaram sabendo do terrível incidente com um de nossos alunos. Fico feliz em anunciar que Eugene está melhorando e os médicos acreditam em uma recuperação total. Então vamos focar no positivo e fazer deste o melhor Fim de Semana dos Pais de todos.

— Melhorando? Ele está em coma. -Wen diz para mim e Enid.

— Vocês foram visitá-lo?

— Eu fui. -Digo.- Ela não.

— Ele está no hospital por minha culpa.

— Não é sua culpa, Wen. -Conforto-a.

— O monstro não atacou ninguém na última semana. Talvez vocês tenham o assustado.

— Ou talvez ele esteja escondido pra evitar isso aqui. -A de tranças responde.

— Olhe só. Tem coisas que não mudam. -Ouço três pessoas se aproximando, e suponho serem a família Addams.

— Devia ter usado a máscara da peste. -Wednesday diz e eu dou um tapa disfarçado em seu braço.

— Oi, Senhor e Senhora Addams. É um prazer conhecê-los. Eu sou Louise. -Digo me apresentando.

— Fez uma amiga, Wednesday?

— Quase isso. -Ela diz me olhando e avisto meus pais.

— Bom, eu tenho que ir, foi um prazer de qualquer forma.

— Querida! -Minha mãe diz animada ao me ver.

— Mãe. É bom te ver. -Digo e dou um abraço na mais velha.- Oi pai.

— Oi filhota.

E então sinto alguém se agarrando á mim, e vejo ser minha irmã mais nova.

— Ava! Eu senti sua falta. -Digo e abraço forte a mesma.- Onde é que está o...

— Sentiu minha falta? -Meu irmão, Lucas, pergunta e eu corro para abraçá-lo.

— Acho bom não sair do meu lado hoje. -Falo séria em seu ouvido.

Nós todos nos sentamos em uma mesa, ficando minha mãe, meu pai e Ava de um lado. E eu e meu irmão de outro.

— Lucas, leve sua irmã para comer algo. -Minha mãe diz com a cara fechada e vejo o mais velho me olhar, me fazendo assentir.- Já parou com a gracinha e rebeldia de gostar de garotas?

— E você? Já parou de ver espíritos? -Eu retruco.

— O quê?

— Eu achei o seu diário. Foi esperta em escrever ele em várias línguas. Temos algo maior para resolver sem ser a minha orientação sexual.

— Tudo bem. Mas iremos fazer um acordo. Se você vai falar, eu também vou. -Ela diz e me estende a sua mão.

— Feito. -Digo apertando-a.- Você disse que tem uma linhagem bruxa na nossa família que te assombra. Explica isso.

— Uma ancestral sua era uma bruxa extremamente perigosa. Ela era poderosa demais e sua magia temida por todos. Ela foi queimada, mas de acordo com a profecia, a magia dela retornaria para você. E eu era assombrada por sonhos, pensando que você seria uma pessoa horrível e que acabaria com a nossa família.

— Por que para mim?

— Não tenho as respostas para isso. Mas sei que já era para terem aparecido alguns sinais.

Quando ela diz isso me lembro da garota e das sensações.

— Que tipo de sinais?

— Uma forte dor de cabeça, sussurros distantes, a impressão de que tem alguém tentando falar com você.

— Aí que bacana. -Digo.- E o que faço quando tenho os sinais?

— É complicado... você teria que contatar alguma ancestral e tentar pedir sua ajuda. Mas não é sempre que funciona. Então o plano B são os amuletos e livros. Eles ajudam você a entender quem é, de onde veio e a controlar tudo o que você tem aí dentro. Agora chega. Minha vez.

Minha mãe começa a tirar alguns panfletos de dentro da sua bolsa, me deixando confusa.

— Eu e seu pai pesquisamos muito...

— Eu não tive nada haver com isso, foi tudo ideia da sua mãe. -Meu pai se defende.

— Como eu estava dizendo... eu pesquisei muito, e encontrei alguns lugares para você passar as férias.

Quando ela me entrega os folhetos, a minha boca cai.

— Quer me mandar pra terapia de conversão? -Eu digo alterada.- Você é maluca?

— Louise, abaixe o tom quando for falar comigo. Eu respondi as suas perguntas. Você deve me escutar atentamente. Isso não é normal, filha.

— Ah, jura? Eu aparentemente ser bruxa, você ver espíritos, o papai manipular fogo e eu estar em uma escola cheia de lobisomens, vampiros e sereias é normal, mas gostar de meninas, não? Você é ridícula.

— Louise! A filha da Márcia foi para um lugar desses, ela voltou melhor do que nunca. E ainda por cima curada!

— A filha da Márcia se matou duas semanas depois de voltar. O que acha que essas pessoas fazem? Conversam civilizadamente e tcharam! Estou "curada"? Você é inacreditável.

As portas se abrem e revelam o xerife.

— Tomara que já te prendam por querer torturar sua própria filha. -Eu falo baixo e ela me olha.

— Posso perguntar do que se trata, xerife? -Weems questiona aflita.

— Gomez Addams. -Ele chama e vejo o pai de Wednesday se levantar.

— Posso ajudá-lo, xerife?

— Está preso pelo homicídio de Garret Gates. Tem o direito de permanecer calado. Tudo o que disser poderá ser usado contra você no tribunal. Tem direito a um advogado. Se não puder pagar, um lhe será designado. -Quando os dois saem vejo que a família de Wednesday não fica bem, obviamente. E a garota rapidamente se levanta.

— Estou te dando a opção de escolher, se não vai ser pior. -Minha mãe volta ao assunto e eu reviro os olhos.

— Foda-se. Eu não vou a lugar nenhum. -Digo e sinto um tapa forte em meu rosto. Vejo Wen passar em meu lado bem na hora e me olhar com os olhos arregalados, quase vindo para cima da minha mãe.

Eu faço que não com a cabeça e ela assente, seguindo seu caminho.

— Aproveitem a tarde. -Digo segurando as lágrimas e me retiro da mesa.

LISTEN BEFORE I GO-Wednesday AddamsOnde histórias criam vida. Descubra agora