Capítulo 24

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Eddie

— Está todo mundo bem? — A voz de Nancy Wheeler é a primeira coisa que escuto depois de um largo momento de ruídos e tremores na "Terra de Mordor" (sim, eu sei, Tolkien estaria me esmurrando se soubesse que eu comparei seu pequeno universo sombrio a algo dessa maneira).

Olho ao redor atordoado a procura de Steve e encontro-o jogado do outro lado do chão gosmento, a lanterna ligada clareando uma parte de sua perna. Sua feição é dolorida e sua mão está trincando no machucado rodeado por pano. Meu primeiro impulso é correr até lá, ajudá-lo a levantar e inspecionar cada detalhe do seu corpo para ver se tudo está bem, mas Robin e Nancy chegam primeiro, ajudando-o e logo depois checando se eu estou bem também.

Antes de se erguer e recusar ajuda das garotas, Harrington encara meus olhos por segundos catastróficos e rapidamente viro meu rosto. Porque não, simplesmente não vou correr o risco de desabar novamente ou até fazer uma besteira maior. Há cinco minutos atrás minhas mãos estavam tocando a cintura de Steve Harrington e meus ouvidos escutavam a sua respiração pesada e eu juro que tentei me controlar, eu juro que o xinguei mentalmente por ser a porra de um teimoso. Eu estava muito bem me autossabotando e me culpando por ser apaixonado pelo Rei Steve e por ele claramente parecer gostar da sua antiga namorada.

Só que de repente lá estava ele atrás de mim, perguntando o que eu tinha e a minha vontade a princípio era de socar aquela cara estúpida, porque sinceramente, ele é muito lerdo. Como, depois de todas as burrices, ele ainda não entendeu nada?

E agora realmente não sei o que está acontecendo, realmente não sei. Porque uma hora Steve está se gabando por ser o maior pegador de todos e engolindo Nancy Wheeler com os olhos, mas depois segura meu rosto com a expressão mais serena possível, se preocupando com o que quer que estivesse me deixando tenso. Aqui vamos nós com seus sinais suspeitos e minha mente transbordando em pensamentos.

— Certo, para onde vamos agora? Será que dá tempo de acrescentar na minha lista de medos a palavra "terremotos"? 

— Calma, Robin — Nancy tapeia os braços da outra garota — E Eddie, tenha cuidado! — ela me aconselha quando estou prestes a pisar num dos cabos esquisitos presos ao chão desse lugar — São uma mente coletiva.

— Como é que é?

— Quer dizer que todas as criaturas daqui são tipo uma coisa só, — ela explica — Se você pisar nos cabos, pisa no morcego e consequentemente no Vecna.

— Oh merda.

— Mas então... — Buckley interrompe — porque eu tenho uma leve sensação que conheço este lugar?

— Isso é Hawkins — a voz empoeirada de Harrington ecoa — Quer dizer, Hawkins repleta de monstros e coisas bizarras.

— Então todas as nossas as coisas estão aqui, não é? quer dizer, menos as pessoas, é óbvio.

— Até onde eu sei, sim — Steve replica

— Então, em tese, tem como ir em uma delegacia e pegar armas, granadas e o que mais precisar para detonar aqueles morcegos protegendo o portal. — a garota soluciona. 

— Eu duvido que a polícia de Hawkins tenha granada, Robin, mas armas, é, acho que sim.

— Mas não precisamos ir até o centro para pegar armas — Wheeler anuncia — Eu tenho armas no meu quarto.

Meus olhos se arregalam — Você, Nancy Wheeler, tem armas, no plural?

Um canto da sua boca elevou-se — Uma Makarov russa e um revólver

Eu já disse que gosto dela?

— Uma caixinha de surpresas não? — Robin sussurrou para mim, fazendo-me sair do transe perplexo que me encontrava.

Uma dupla caótica (Steddie)Onde histórias criam vida. Descubra agora