Inconcludente

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Quatro

Eu nunca deixei de me importar, eu ainda lembro de todos os nossos momentos juntos. Ela me deixava hipnotizado, acho que ainda fico quando a vejo. Mas eu também lembro do dia que foi embora por egoísmo. O que tínhamos era algo intenso e talvez tenha sido por isso que não soubemos lidar com o término.

— Suas mãos. — Tris fala baixo. Pego uma bolsa de gelo na geladeira e vou até ela.

— Você não precisa se preocupar com minhas mãos — respondo.

Apoio o joelho sobre o colchão e me inclino colocando o saco de gelo sob sua cabeça. Antes que me afaste, Tris estica a mão e a deixa suspensa no ar, talvez tentando se decidir se continua ou não. Então ela toca o lado esquerdo do meu rosto onde Becky disse que havia machucado.

— Tris — digo, com seus dedos colados em minha boca. — , eu estou bem.

— Por que você estava lá? — pergunta abaixando a mão.

— Eu estava voltando da sala de controle. Ouvi um grito.

— E minha irmã?

— Eu não sei de onde ela estava vindo, mas chegou primeiro que eu. — eu não a perguntei sobre isso, mas ela estava com uma mochila nas costas. — Talvez estivesse em seu esconderijo.

— Esconderijo? — não respondo. — O que vocês fizeram com eles? — pergunta.

— Deixei Drew na enfermaria. Os outros fugiram. — da para ver a indignação em seu rosto. — Drew disse que eles estavam apenas tentando assustar você. Pelo menos, eu acho que era isso o que estava tentando dizer.

— Ele está muito machucado?

Dou de ombros.

— Ele vai sobreviver... Só não sei em que condições.

— Que bom. — Soa firme. Tris não é o tipo de pessoa que deseja o ruim para os outros, mas tenho certeza que nesse exato momento ela gostou de saber como pelo menos um deles está mal.

Seu rosto está com alguns hematomas e com certeza todo o seu corpo dói, queria poder tirar suas dores. Mas apenas fico analisando seu rosto, ao primeiro olhar ela parece alguém indefeso, mas observando atentamente vemos o quão forte é.

— Eu poderia prestar queixa contra eles — digo.

— Não — ela pede. — Não quero que pensem que estou com medo.

— Pensei que você fosse dizer isso. — Aceno com a cabeça.

Meus pensamentos soam estranhos, estou vendo Beatrice Prior, estou vendo Tris, mas procuro outro alguém. É errado, não estou me atraindo por Tris por quem ela é, mas sim por ela me lembrar alguém. Estou procurando Rebecca Prior, estou procurando Becky... A garota que eu amo.

— Você acha que seria uma má ideia eu me sentar? — ela levanta a sobrancelha, eu acordo e percebo o que estou fazendo então paro.

— Eu ajudo. — falo um pouco sem graça.

Seguro seu ombro com uma mão e apoio sua cabeça com a outra, enquanto ela empurra o corpo para cima. A dor transparece em seu rosto mesmo que ela a reprima. Entrego o saco de gelo.

— Você pode se permitir sentir dor — falo enquanto pego a cadeira para me sentar perto da cama. — Estamos sozinhos aqui.

Ela morde o lábio. Há lágrimas em seu rosto, mas nenhum de nós fala delas, sinto que não devo.

— Sugiro que você conte com seus amigos transferidos para protegê-la de agora em diante — concluo.

— Eu pensei que contava — suspira. — Mas Al...

Subversivo (1.1 Divergente) Onde histórias criam vida. Descubra agora