Os dois amigos permanecem sentados no meio-fio.
O moreno acompanha o sorriso do amigo de cabelos castanhos-claro. Ele enxuga as lágrimas do olho com as mãos.
— Por que você está chorando, idiota? — pergunta Julian.
— Cala a boca, eu tô com raiva de você! — diz Erick, parando de sorrir.
Por um momento Julian fica aflito.
— Você devia ter me contado antes.
Julian sorri sem jeito.
O menino de olhos verdes não quer agora, nem nunca, que sua sexualidade seja pauta de uma conversa. Isso é apenas sobre ele. Entrar em um debate sobre isso é irrelevante em qualquer situação.
Erick puxa o amigo para um abraço de novo, mas dessa vez é empurrado.
— Para com esse mela-mela e trata de consertar esses olhos marejados.
— Se fosse o Yan te abraçando não teria problemas, não é?
Um cotovelo de Julian bate na costela de Erick, provocando dor na região. Impulsivamente o moreno soltou seu pulso.
— Não fala daquele cara — diz Julian massageando o braço atingido. — Ele é idiota igual você.
— Sério? Ou você está fazendo drama sobre algo estúpido como sempre?
Julian afunila o olhar, dramático.
Realmente Julian não quer falar sobre Yan, mas talvez seja só um modo de deixar aqueles cabelos bagunçados e cintura com gingado sexy longe de sua mente.
— Levanta, a gente tem que ir.
Erick agarra a mão de Julian e ambos partem de volta.
— Se alguém perguntar sobre a demora, diz que a fila tava grande e seus olhos estão vermelhos por causa das cebolas que estavam sendo torradas. Você é sensível.
— Sim, senhor. — Erick finge uma reverência.
Muito perto dos amigos, Julian já nota os olhos de Raquel lhe alcançando. Nem um mísero segundo se passa e ele já encara Erick. Um sorriso pende nos lábios de ambos. Julian se esforça para não revirar os olhos.
Yan está logo após a silhueta da menina de cabelos avermelhados. Maria capta a aproximação dos dois, mas em seguida se volta para o Yan.
Próximo o suficiente, Julian vê que uma mera fumaça paira no ar entre eles. Sua visão viaja até a mão do menino de moletom despojado e observa um objeto branco.
Cigarro.
Julian não é fã número um, porém, mantém sua boca calada e aumenta a distância entre ele e Yan.
O menino de olhos castanhos abre mais espaço para que Erick se sente e entregue a pipoca — fria — para Raquel. Julian senta de novo ao lado de Maria.
— Devo perguntar o óbvio? — ela diz.
— Sim, eu ainda odeio cigarro.
Maria sorri.
— Contou para o Erick, não foi? Aqueles olhos não são de alguém que estava cortando cebola. Ou seja lá o que você tenha inventado.
— Maria, eu te odeio e espero que nada do que você veio fazer aqui dê certo. — Julian joga-se na terra.
— Você ainda é muito travado, Julian, pensei que esses anos você teria melhorado — cochicha Maria, acompanhando o amigo.
— Eu não sou travado.
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Verde e Castanho
RomanceO céu estava alaranjado, em sua maioria. Havia muitos tons de castanho e amarelo nas árvores, mas também havia verde: ao qual o castanho apreciava; no qual castanho se perdeu. E em uma comum, mas linda, tarde de outono, um desejo foi florescendo enq...