Uma nova primavera nasce, desabrochando a primeira flor. Dois anos se passaram desde aquele outono, cujo o mesmo trouxe ao verde e castanho o que eles costumam hoje chamar de amor.
O céu se apresenta limpo, azul, como nas telas de arte das mais belas manhãs.
Em uma calçada, Julian espera, com altos picos de ansiedade, os castanhos que lhe serviram de inspiração para montar todos os quadros aos quais são expostos em uma sala próxima.
Nesse momento, outros se juntam a ele. Erick, Maria e Raquel.
— Um minuto para eles liberarem a entrada — falou Erick, num tom calmo. — Você tem que estar lá.
Ainda ansioso, Julian não tem forças de olhar o amigo e dizer: "isso é óbvio."
— E se ele não vier? — Julian diz baixo, mas todos escutam.
Por mais que o clima seja refrescante. As mãos do jovem de olhos esmeraldas estão tão geladas quanto no mais frio dos invernos. Inquieto, ele olha os dois lados da pista, repetidamente. A única coisa que ele faz é checar seu celular, para ver se há algum aviso.
Maria e Erick se entreolham, sem saber muito o que fazer, mas eles têm que fazer alguma coisa. Contudo, quem toma a frente é Raquel.
— Quando — dá ênfase — ele vier, Erick e eu estaremos aqui para nos certificar que ele levará um bom soco, não é? — Erick confirma com a cabeça. O clima entre os dois é estranho desde que as coisas não deram certo. Mas, para eles, o importante agora é Julian.
— Pode apostar, cara. — Erick conforta o amigo com um abraço de um braço só.
Julian sabe que deve ir, não pode esperar mais, mesmo que eles tenham concordado em apresentar isso juntos. Yan foi quem o ajudou a fazer quase tudo. Não foi apenas a maior fonte de inspiração, mas o maior ponto de apoio. Até mesmo, mais que Erick.
Dando uma última checada, Julian não avista o automóvel grande e preto ao qual lhe tornou familiar nesses últimos anos.
O jovem ansioso agarra a mão da amiga de cabelos avermelhados e parte para dentro da exposição. Logo, buscando ar para, enfim, mostrar ao mundo o que tem praticado por praticamente toda sua vida.
Um som reverbera ao longe, se aproximando de repente, destacando-se entre os demais. O motor é inconfundível.
É como se uma pedra enorme estivesse sendo tirada dos ombros de Julian. Sua ansiedade é, relativamente, disfarçada por felicidade, visto que as mãos não paravam de suar, mas em seu rosto nascia um sorriso.
O rapaz de cabelo desorganizado desce do carro, do outro lado da rua e vem correndo a passos curtos.
— Onde você tava?! — Erick se manifesta, mas é ignorado.
Yan vai direto até Julian, que, por sua vez, pula nos braços do maior.
— Ainda bem, não ia conseguir fazer isso sem você.
Julian suspira forte e aperta Yan que, por sua vez, se desfaz lentamente do abraço. O rapaz de olhos castanhos geralmente tem pele bronzeada, mas dessa vez esbanja palidez.
— O que houve? — A preocupação e insegurança voltam ao corpo de Julian.
— Eu recebi uma ligação.
— Aconteceu alguma coisa? — Maria se preocupa.
Yan não consegue focar em nada além de Julian no momento. Depois daquele abraço, ele sentiu a mão gelada do namorado e sabe bem sobre as promessas que fez. "Eu vou estar lá com você." Porém, com um peso no coração, o rapaz pálido diz:
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Verde e Castanho
RomanceO céu estava alaranjado, em sua maioria. Havia muitos tons de castanho e amarelo nas árvores, mas também havia verde: ao qual o castanho apreciava; no qual castanho se perdeu. E em uma comum, mas linda, tarde de outono, um desejo foi florescendo enq...