Parte XIII

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 — Já é o segundo dia de aula que eu perco por sua causa.

A lembrança da última quinta-feira retorna a mente de Yan. Seus lábios se alargam.

— Você devia mudar seu seus horários, talvez para tarde, seria ótimo ter mais um rosto conhecido naquele lugar.

— Aí, nem todo mundo tem pais que dão um Corolla Altis pro filho ir para faculdade.

E tão rápido quanto o sorriso do menino de olhos castanhos veio, ele se foi. Julian já percebeu que falar sobre os pais do maior o deixa desconfortável, então muda de assunto rapidamente.

— Bem, eu que fiz minha escolha, não importa agora — diz, endireitando-se e pegando um objeto do bolso do cardigan. — Olha isso, trouxe para você.

Entusiasmado, Yan pegou o papel da mão do menor e abriu.

Sem mexer a cabeça, o olhar de bronze capta os esmeraldas — que estão acompanhados por um sorriso mostrando os dentes.

— É só uma coisa boba que eu costumo fazer.

O papel é preenchido com um rascunho bem feito de alguém no topo de um objeto alto, mirando, de soslaio, sua atenção ao brilho do poente distante, combinando-se com as cores que o mesmo produz. O vento é traduzido com pequenas folhas secas dançando no ar, com emaranhados de castanho das árvores e o castanho de um belo olhar.

Pela primeira vez, Julian deixa Yan tímido.

— Devo dizer que me surpreendeu.

Os dois garotos pegam o menu e o folheiam. Há coisas ali que Julian nunca nem viu. Ele se envolve tanto em descobrir o que vai pedir, que nem nota como os olhos castanhos o fuzilam.

O preto forte daquela roupa traz à tona toda a formosura dos fios claros de castanho. Das auréolas verdes caçando uma boa escolha. Do rubor leve que aparece em mínimos cantos do rosto de Julian.

Dando uma escapada, os olhos de esmeralda vacilam e encontram os de bronze que, por sua vez, não têm a mínima intenção de desviar-se. O rubor aumenta, sorrisos de canto se formam, a concentração é revestida de encanto e sentimentos recém florescidos.

— O que você quer? — pergunta Yan.

O sangue do menor esquenta.

— Hã?

Um sorriso nasce no maior, transparecendo um certo tom de malícia.

— O que você vai pedir, garoto dos desenhos?

O apelido sempre provoca chateação em Julian. É por isso que Yan adora usá-lo.

— Eu não sei.

— Eu poderia escolher?

Julian acena que sim, um pouco receoso.

Yan faz os pedidos, pronunciando palavras estranhas, pelo menos para Julian.

As velas artificiais fazem seu trabalho mais que suficiente. Além de trazerem a iluminação para o estabelecimento, elas vibram sobre aqueles emaranhados de frizz do cabelo castanho-claro.

Yan se orgulha da sua escolha, apesar de não ter sido totalmente planejado que isso acontecesse. O Marbel Lounge é só um lugar que ele costumava vir com a família.

— O que você faz além de desenhar? — Yan questiona, tentando iniciar uma conversa razoável.

— Eu foquei meu tempo todo para desenvolver isso, então, além das matérias curriculares, eu não perco meu tempo com mais nada.

Verde e CastanhoOnde histórias criam vida. Descubra agora