— Quantas vezes preciso dizer que os Clark não desistem, Andrew? - Seu pai repetiu pela trigésima vez aos gritos, enquanto o garoto tentava comer seu café da manhã em paz, mas sem sucesso.
— Eu não sou "os Clark", pai. Eu sou só a droga do seu filho que não aguenta mais! - Andrew confessou, sentindo seus olhos arderem e sua garganta fechar. — Não estou desistindo da faculdade nem do meu futuro. Eu só não quero mais lutar, não quero chegar lá por conta de algo que detesto fazer. - Ele expressou novamente. Não se importava de repetir mil e uma vezes aquelas palavras se preciso fosse. Não iria mais lutar. — Eu detesto, pai! Assim como eu detesto ser o babaca das pegadinhas, o babaca que só causa humilhação para pessoas mais frágeis. Eu não sou assim. - Deixou bem claro, lembrando-se de Larry e pensando se algum diria seria capaz de se perdoar pelo que fizera ao garoto.
— E você acha que tem capacidade de chegar até a faculdade por outros meios? - O pai perguntou retoricamente, com uma risada irônica. — Que outro talento você tem, Andrew? Sapateado? Na luta você pode ser o melhor, mas sem isso o que sobra? Não sobra nada, Andrew, você não tem nada! - O homem gritou ainda mais alto, fazendo com que o peito do filho se retorcesse de dor a cada palavra.
— Você está certo, pai. Talvez eu não tenha nada além disso agora. — Ele assentiu, limpando as lágrimas que escorriam pelo rosto. — Mas eu não me importo de sair em busca de algo diferente, eu vou descobrir do que realmente gosto, pai, e um dia vou acordar feliz e satisfeito com a minha escolha, sabendo que dei o meu melhor para ser qualquer coisa diferente do que você é. Porque ser como você, um verdadeiro Clark, isso sim seria um fardo impossível de carregar. - Ele despejou o que sentia, sentindo seus ombros encolherem sem o peso que costumava carregar, e seguiu em direção à escola, sem se despedir.
Dali para frente, Andrew Clark não mais se limitaria às escolhas impostas pelo pai. Um homem grosseiro, maldoso e insatisfeito com a própria vida que despejava todas suas frustrações no filho, sacrificando lazer, descanso e todas as experiências de Andrew por um objetivo que nem era dele para alcançar. Ele estava farto e havia chegado ao seu limite durante a detenção de sábado, quando conhecera aquele bando de malucos que, de uma hora para outra, se tornaram as pessoas que melhor o conheciam, principalmente uma delas em especial. Allison Reynolds. Se ela podia mudar tanto, se ela tinha encontrado coragem para finalmente mostrar quem realmente era e ser sincera com ele, então ele devia no mínimo tentar fazer o mesmo.
Estava decidido: assim que chegasse à escola, iria até Allison agradecer à ela por tê-lo inspirado e a convidaria para sair no fim de semana. E então iria até seu treinador e desistiria da luta para sempre.
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O que vem depois? - O Clube dos Cinco
FanfictionQuando um criminoso, um cérebro, um atleta, uma princesa e um caso perdido são obrigados a passar um sábado inteiro juntos, não é de se admirar que grandes coisas acontençam. Entretanto, na segunda-feira todos são confrontados com a mesma dúvida: fi...