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Eu queria me enfiar em um buraco depois do que aconteceu na noite passada, claramente não devia ter acontecido, foi um erro meu, e eu não sabia como iria encarar ele de novo... Bem, não houve tempo pra pensar muito, ele apareceu do mesmo jeito de sempre, abrindo a porta do quarto sem avisos.

- O lanche da tarde tá servido. - Antony diz naturalmente, mas eu não consigo cruzar o olhar com ele.

- Eu vou tomar banho e me trocar, depois você volta. - Murmuro.

Tinha algo errado, em todos os outros dias foi Richarlison quem me convidou pra fazer as refeições, também teve o Paqueta que me ofereceu aquele sanduíche escondido, mas o Antony quase nunca aparecia no quarto.

- Só escolhe outra coisa logo! - Ele disse inquieto, andando de um lado pro outro, agia como se estivesse bem preocupado.

Pego a camisa de treino do Flamengo já que não havia achado minha preferida, uma calça de moletom cinza e as chinelas, quando dei um passo pra fora do banheiro a provocação começou.

- Foi um erro ter mandado o Paquetá fazer sua mala. Quantas dessas eu vou ter que queimar? - Antony quase rasga a camisa só com o olhar.

- Não, você não fez isso!!!!!!!!

Começo a revirar a mala e jogar todas as roupas na cama, tinha as roupas que eu já havia visto antes, mas faltava o uniforme mais lindo do meu Fla, ele não queimou, não é possível!

- É o mínimo que eu podia fazer depois do que aconteceu nessa madrugada.

- O jogo.... Eles ganharam? Eu queria ter visto. - Me contenho pra não dar um pulo lá no teto mas decido não contrariar o dono do morro e coloco uma camiseta neutra.

Ao descer senti falta da conversa tradicional dos caras, jogando truco, ou vídeo game, ou discutindo sobre qualquer assunto, nenhum deles estava aqui, nenhum pra contar a história.

Me sentei na mesa e comi em silêncio, mas não saber o que havia acontecido com eles estava me causando enxaqueca.

- Então você demitiu o Richarlison? - Falo baixo, praticamente murmurando.

- Ele é o meu braço direito aqui no morro, Angelina, não iria demitir ele por algo assim. - Reparo em mais um sinal de nervosismo quando ele começa a estalar os dedos.

- Richarlison é o braço direito, Pedro é o piloto de fuga... E os outros? - Acabo de comer e me levanto.

- Você já tá sabendo demais. - Ele se levanta e começa a me julgar, com a postura de poucos amigos.

- Que foi? - Arqueio uma sombrancelha.

- Não precisa voltar pro quarto agora, pode assistir a partida, só não vai até o jardim, meus cães são assassinos cruéis.

Sorrio e vou conhecer os cômodos da casa, era a mansão perfeita, cinema, garagem com alguns carros importados, uma sacada com vista para o Cristo redentor, piscina aquecida e vários cômodos, quando vi o jardim me aproximei só pra ver as feras de longe.

- Vocês são perigosos? São? - Chamo atenção de três rottweilers que começam a latir.

Me aproximo com mais cuidado e deixo eles me cheirarem pela grade, como eu imaginava, assim que falei com a voz ainda mais doce começaram a abanar a cauda e rolar na terra.

- Angelina eu falei que.... - Antony fica perplexo ao ver a situação dos cães - Eles não são assim, podem voltar ao normal e te atacar de uma hora pra outra!

- Eles são assassinos cruéis, igual o dono. - Falo com deboche e me aproximo lançando um olhar pra Antony, que continuou com o semblante fechado.

- Hmm... Coloca a partida de futebol no cinema? Por favorzinho, eu nunca te peço mais nada.

Bad Boy | Antony Santos Onde histórias criam vida. Descubra agora