- ( XIII ) -

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(...)

No coliseu, Nero se encontraria aborrecido pela falta de pessoas naquele lugar, sendo tal sua indignação que chamaria Sejano para seu camarote, o qual simplesmente deixaria sua função de guarda naquele momento para dialogar com o imperador, que diria:

– Percebe isso, Sejano? Os Censores disseram que apenas há míseros 8000 telespectadores vendo os jogos aqui e outros 12.000 no Circo, sabe o que isso significa? Que alguém está chamando mais a atenção do povo para si do que os Jogos! – tiraria um ar de curiosidade do pretoriano, suspirando com raiva logo depois. – Será que não percebeu ainda, seu imbecil?! Se o povo desviou suas atenções de seu principal entretenimento, só pode significar uma coisa... o Hécaphaesticos! – exclamava Nero, fazendo Sejano arregalar os olhos e pouco depois assentir.

– É mesmo! Eu quase me esqueci daquela fuga de presos do Tullianum e do terremoto espontâneo que se seguiu... aliás, Vitrúvio completou aquela arma que combinamos, mas o desgraçado desapareceu, e levou com ele o Amuleto de Dédalo. – tirava um grito de surpresa do imperador. – Eu não queria ter que te contar, imperador, mas sem o amuleto não posso restaurar qualquer estrago que venhamos a causar com o Olho de Febo. – diria Sejano, enquanto Nero levava a mão em sua testa.

– Que se danem os estragos, assim o povo sentirá o poder de quem realmente governa esta cidade! – cuspia no chão. – Mande algum arcano investigar o que aconteceu para toda a multidão se reunir longe de onde deveriam estar. – diria Nero, conforme um soldado os interromperia.

– Farei isso... – olharia o homem. – Anda, desembucha, homem! – exclamava Sejano, enquanto seu soldado recuperava o fôlego.

– É Vitrúvio, senhor... ele... apareceu... de novo... e está reunindo toda a multidão pra um discurso contra o imperador e seu governo... e as massas parecem apoiá-lo! – exclamava o soldado, enquanto Nero e Sejano se olhariam mutuamente em sinal de surpresa.

– Sejano... – antes de Nero concluir sua frase, Sejano ergueria sua mão para interrompê-lo.

– Sei bem o que fazer, imperador... meus rastreadores Arcanos Mutantes vão eliminar esse traidor. – diria Sejano, emitindo uma aura enegrecida em seu punho que faria surgir, em sua mão, 10 pérolas verdes, caminhando em direção à uma vista alta do Coliseu, jogando-as em um edifício próximo.

Nisso, daquelas 10 pérolas, sairiam 10 soldados da Ordem dos Arcanos, os quais cairiam com habilidade sobre o teto do edifício e seguiriam a ordem dada por Sejano, que era assassinar o engenheiro.

— ☆ —

No palanque onde Vitrúvio se encontrava para o discurso, os legionários romanos presentes seriam obrigados a ouvir a palestra e evitar alvoroços da multidão, enquanto, do alto de uma ínsula, ao lado daquela praça, estaria Póllux, Lisímaco e outros membros da força rebelde.

No meio da ansiedade do povo em ouvir as palavras do sábio engenheiro, este ergueria sua mão para o alto e tiraria, de sua toga, um objeto entregue à ele por Leandros, que era um megafone, com o qual ele poderia se comunicar adequadamente, dizendo:

— Caro povo de Roma, cidadãos de elevado prestígio e de espírito honrado... venho a vós como Marcus Vitruvius Pollio, um cidadão tal qual cada um de vocês, como forma de expressar minha mais sincera repulsa e denúncia às autoridades que regem os firmamentos desta cidade! — olhava para os muros. — A construção destes muros é a prova disto! O imperador Nero julga que existem cidadãos mais merecedores de sua proteção e de sua patronagem do que outros. — apontava para alguns cidadãos. — Digam-me, por acaso vocês são inferiores aos que residem atrás destes muros apenas pela sua Gens? Por acaso são inferiores por não terem posses e riquezas? Isso é motivo suficiente para separar quem merece e quem não merece se proteger de invasores? — perguntava Vitrúvio, enquanto os cidadãos cochichariam entre si.

ΠΕΠΡΩΜΕΝΟ (Destino), RevoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora