Fim...?

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—Deveria ir embora.

—Sim eu deveria...

—Então ta esperando o que? Um abraço?

Seu olhar era tão frio quanto suas palavras e ela sabia disso. Enquanto ela me atingia com sua frieza eu me segurava para não desmanchar em sua frente.

  — Você dizer que não me quer... - tentei dizer no mesmo tom mas minha voz falhava - Quando me disser que não me ama mais e quer que eu suma da sua vida, eu o farei.

Okay eu tava desesperada... peguei o controle da tv e tentei sentar de forma relaxada no sofá, minhas mãos tremiam e por mais que eu tentasse eu não conseguia ouvir nada da tv, apenas nossas respirações e meu coração acelerado.

Palavras que não condizem com as atitudes são confusão e aquela mulher em si era uma confusão, mas eu a amava e era inevitável isso, eu havia me entregado por completo e entramos em um jogo perigoso de orgulho desde o início, sabíamos que isso aconteceria a qualquer momento, sabíamos também que não tinhamos nada além de sentimentos uma pela outra.

— Não sei do que você está falando - sua voz era mais baixa e seu olhar era distante - Não sei o que é amor e não espere isso de mim, você estava ciente disso desde o início, apenas sexo e nada mais.

Ela olhava fixamente para a tv, perdida em seus próprios pensamentos enquanto seus dedos brincavam com o canudo em seu copo.

Sua postura sempre perfeita e seus cabelos longos e negros deixavam claro que era uma dama, sem falar em seu vestido preto justo que marcava exatamente suas curvas. Seu salto era brilhante e delicado, seu batom vermelho ja se encontrava em uma cor claro de tanto que havia mordido o lábio. Ainda haviam marcas da noite anterior, pequenos hematomas avermelhados em sua pele clara.

  — Então porque estamos tendo essa discussão se é apenas sexo entre nós? Não posso sair com outras mulheres?

  — Não estamos discutindo. - dessa vez ela olhava para mim e seu olhar carregado de fúria - saia com quem quiser Mon, eu não me importo, mas não venha pra minha casa com a porra de um chupão!

  — E eu não deveria fazer isso por que? - me fiz de sonsa - não temos nada Sam não é?

Meu sangue começava a ferver, mas ela queria continuar com isso então iamos continuar.

— Porra porque você simplesmente não vai embora?!

Ela se levantou tão rápido que derramou o líquido que carregava no copo, molhando o chão e sua a roupa. Isso a deixou quieta e com a vista fixada no chão a sua frente.

Por instinto me levantei e corri para a cozinha e peguei o pano mais próximo, o puxei de cima da mesa com tanta pressa que nem vi que tinha uma caneta em cima dele, a mesma voou em direção a parede me fazendo levar um breve susto, mas não perdi tempo indo atrás da mesma, corri de volta para a sala e encontrei Sam no mesmo lugar.

Seu olhar estava perdido e haviam lágrimas nele o que me deixou apreensiva. Durante esse tempo que tivemos "juntas", no caso 1 ano, nunca a tinha visto derrubar uma lágrima se quer e lá estava ela agora, se desfazendo na minha frente e um sentimento de culpa me dominando.

— Ei... - me aproximei com cuidado - venha prá cá, vai se limpar eu cuido das coisas aqui....

Peguei seu braço a puxando para fora daquela bagunça de forma mais delicada possível, eu não sabia bem o que fazer em uma situação dessas, eu era a culpada.

  — Me desculpa...eu não deveria ter dito que você me amava, eu vou embora assim que eu terminar de limpar aqui... - meus olhos começavam a embaçar e minha mente flutuava entre pensamentos - Vai lá, eu cuido daqui.

Comecei a ir em direção ao chão para limpar mãos seus braços me seguraram em um abraço.

— você é uma idiota e eu te odeio, odeio você e o que me faz sentir... odeio te querer perto, odeio ter ciúmes e me odeio mais ainda por não conseguir te manter perto...

Agora eramos duas que choravam, abraçadas e com medo do futuro, sabendo o que nos esperava e que ela estava certa, eu deveria ir embora... e já havia passado da hora.

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