Erros e mais erros

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*Sam

O caminho até o carro foi silencioso, cada uma presa em seus próprios pensamentos.

Mon andava rápido evitando caminhar ao meu lado, todas às vezes que eu tentava puxar assunto ela me cortava, tentei me aproximar, mas logo ela desviava e virava o rosto.

“Ela era tão infantil? Era tão difícil me olhar? Normalmente as pessoas fariam filas só para me ter do lado.”

— Não vai abrir a porta?

Tínhamos chegado no carro e ela estava de frente com a porta, ainda evitando me olhar, sua voz também era indiferente. Tentei mais uma vez me aproximar e não foi diferente.

— Até quando vai me evitar? Você ta entrando no meu carro.

— Não pedi para você vir e sim para Tee, se quiser pode ir embora e vou apé.

Ela começou a andar e puxei seu braço, dessa vez sem delicadeza alguma, ela estava me estressando.

— Me solta Sam! - puxou seu braço de mim - O que está fazendo?

“ O que VOCÊ está fazendo?”

— Você ta me ignorando!

Eu não gostava disso, me doía ver ela agindo assim comigo, após tanto tempo ela não sentiu saudades? Eu era realmente a única que queria ter esse reencontro?

Senti meus olhos ficarem úmidos, então sorri, era assim que ela queria então é assim que seria.

— Okay. Vamos - abri a porta do carro e fui a deixando para trás - Vem ou não?

Liguei o carro e ameacei deixar ela para trás e ela por sua vez não se demorou a entrar e fechar a porta.

— Cinto.

Ela não respondeu ou me olhou, apenas colocou o cinto e assim que o fez dei partida e sai cantando pneu.

— Sam! Cuidado. - ela se segurava assustada no banco - você está doida?!

Se ela queria continuar me ignorando eu iria fazer ela falar comigo de alguma forma.

— Estou andando normalmente.

Passei alguns semáforos vermelhos sem me importar, afinal nesse horário já não havia ninguém na rua e não me importava de pagar algumas multas, dinheiro é o que não me faltava.

Já Mon tinha seus olhos fechados e brigava comigo, deixei um riso escapar e logo fui presenteada com um tapa o que só me fez rir ainda mais.

Não sabia para onde eu estava dirigindo, mas eu gostava de sentir o vento bagunçando meus cabelos e com Mon ao meu lado surtando, me deixava mais leve.

— Sam pare de rir e diminua a velocidade! - disse me dando mais um tapa - Agora!

Percebi que ela estava com uma voz de choro e a encarei, seus olhos estavam úmidos e ela se encolhia no banco…

Diminui a velocidade e um sentimento de culpa me invadiu, não deveria ter brincado dessa forma.

— De-desculpa

Ela não respondeu, percebi com o canto do olho que ela chorava baixinho. Decidi não incomoda-la mais, a levaria em sua casa e não deveria mais procurar saber sobre ela…eu não deveria mais ser um incomodo.

— Você é uma idiota…-
Me mantive calada, ela estava no direito de me xingar. - Por que não diminui a velocidade antes?

Não tinha como eu responder, eu não sei bem o que eu queria com aquilo.

— Responda Sam!

“ Droga…”

— Alguma reação sua.  - me arrependi assim que disse - você não estava falando comigo!

  A culpei.

Afinal ela que me fez recorrer a isso, ela não podia ser madura e apenas conversar?

— A culpa sempre é minha já percebeu isso? Você age como quer, você me culpa, você ri da minha cara e me magoa, ainda espera que as coisas sejam da sua maneira?!

Mon chorava e olhava para mim com raiva. Eu não queria ter magoado ela mas ela não entendia que eu queria ter ela perto? Foi por isso que fiz isso.

— Você continua a mesma… eu não sei se vou conseguir ficar aqui mais… me leve para a casa.

Obedeci em silêncio, minha cabeça estava cheia e ficava repetindo o que ela tinha me dito… ela deveria saber que sou assim não? O que ela queria de mim?

Mon chorou até chegar em frente a sua casa, fui me despedir, mas a mesma já saiu do carro e caminhava para dentro de casa sem olhar para trás.

Me demorei a sair de lá, minha cabeça explodindo de tantas dúvidas… eu tinha que me desculpar, mas como? Com um presente? Eu poderia dar um carro para ela… não, essa era a única desculpa que eu tinha para manter contato.

Amanhã pensaria nisso, eu tinha que ir para a casa da Kate buscar minhas coisas e depois iria embora.

Liguei o carro e sai de la.

“ Mon… eu senti saudades…"

Isso que eu deveria ter dito, agora era tarde para voltar atrás.

Coisas do destino Onde histórias criam vida. Descubra agora