impulso

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  *Sam

— Ei pentelha? Poderia parar de trabalhar e dar atenção para suas amigas?

Kate estava agitada e eu pretendia ignorar ela, eu estava ocupada e não tinha tempo para bagunças como pintar o rosto de Tee enquanto ela dormia.

— Não.

As visualizações estavam caindo desde que Mon foi embora, eu não conseguia lidar com aquele site e não havia ninguém competente o suficiente. Contratei algumas funcionárias depois que ela foi embora, mas eram inúteis e me estressavam.

— Sam!

Fechei meu notebook com força fazendo Kate se assustar e acordando Tee que tinha a cara com o desenho de um bigode, a mesma me olhava assustada.

Meu temperamento nunca foi um dos mais fáceis, não iria admitir isso em voz alta, mas era verdade e de um tempo para cá tem sido ainda pior.

— Tpm?…

— Não apenas uma matraca em meu ouvido, não me deixando trabalhar - fecho a cara e me encosto no sofá - eu preciso terminar aquilo.

— Sam não brigue com ela - pede Tee com a voz rouca e bocejando - já é madrugada, o que estão fazendo acordadas ainda? E por que estou no sofá?

— Ela ainda ta trabalhando e eu não consigo dormi. Você estava bêbada então só sentou e apagou, aliás bigode lhe cai bem.

Ouvir a risada de Kate me irritou por algum motivo, Tee correu para o espelho já imaginando o que iria encontrar.

Assim que viu a obra de arte feita pela amiga, atacou uma almofada que estava no sofá ao seu lado, começando uma guerra de almofadas.

Por que estavam tão felizes? Por que essa animação toda?
Bufo e levanto batendo os pés até a cozinha, água… era disso que eu precisava.

Peguei o primeiro copo que vi em minha frente e o enchi com água, tomando o mesmo em goles rápidos, eu estava com sede e não percebi, minha barriga também roncava, pensei em pedir comida, mas eu não teria tempo para comer, precisava terminar os artigos.

Voltei para a sala e encontrei Kate em silêncio e Tee no telefone, o ambiente parecia pesado, completamente diferente do que estava a poucos minutos atrás. Sentei na poltrona e aguardei até que Tee terminasse a ligação. Demorou alguns minutos até que eu entendesse o que estava acontecendo.

— Ela voltou…

Meu coração acelerou e minhas mãos ficaram frias, meu olhar se petrificou em Tee e por alguns segundos achei que iria desmaiar.

Ela voltou? Mon?

— Sam… ela precisa que eu vá buscá-la… tudo bem?

Elas me observavam e eu pensava no que fazer, eu tinha tantos pensamentos nesse momento. 

Tee pegou sua chave e estava saindo de casa, vê-la indo para lá me fez tomar uma atitude. Peguei meu casaco e a chave do meu carro, corri ultrapassando ela quase a derrubando.

Eu deveria ir buscar Mon, eu tinha que ver ela, tinha que falar com ela. O que eu falaria? Eu não sei, mas eu precisava.

— Sam! Para!

Não dei ouvidos para as meninas, elas corriam em direção ao meu carro e eu não deixaria elas me impedirem.

Liguei o carro na pressa e dei partida, sem olhar para trás.

Andei por alguns minutos até que percebi que não sabia para onde estava indo e nem trouxe o celular.

“ merda! Onde? Onde?”

Parei o carro no semáforo e comecei a pensar por onde estaria aquela mulher.

Busquei por ela tantas vezes antes e em tantos lugares…

Lembranças percorriam minha mente, eu buscava por alguma pista… até que BINGO!

“ Meu pai mora na Inglaterra…”

Só poderia ser isso.

Acelerei o carro e fui direto para o aeroporto, corri buscando por ela e nada, até ver alguém parecido que tinha uma senhora ao lado.

Apressei meus passos, mas assim que cheguei perto parei.

“ O que eu deveria dizer? O que eu deveria fazer?”

Pensei em dar meia volta e fingir que isso não aconteceu, mas ao ver ela tão perto… após tanto tempo.

Ela parecia diferente, seus cabelos mais curtos, mais alta, sua pele mais bronzeada e arrepiada… ela deveria estar com frio.

Vi a senhora que acompanhava ela entrar em um táxi e esse era o momento certo de agir.

— Mon!

                        …

— Sam… oi - seus olhos estavam úmidos e amedrontados.

— Vamos… está frio.

Minha voz estava baixa, eu não gostei do olhar que ela tinha para mim… eu era tão ruim assim? Eu a magoei tanto?

— Não precisa… eu to esperando alguém.

Ela ainda se mantinha no mesmo lugar e não me olhava nos olhos agora e eu preferia assim, não suportava ver tanta dor naqueles olhos.

— Tee pediu para eu vir - menti - Vamos… estou com frio.

Eu realmente tava começando a sentir frio, mas não por conta do clima e sim de nervoso, fui impulsiva e não pensei que isso poderia acontecer.

Tentei segurar sua mão para puxa-la para o carro, mas como se eu fosse fogo ela se afastou.

Ela me encarou parecendo perceber seu ato automático, mas eu não me importava mais… isso dói e eu não queria sentir isso.

— Desculpa… - ela foi na minha frente. - Vamos.

Eu me mantive parada, mas não por muito tempo, era melhor irmos… estava ficando tarde.

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